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Hotelaria e retalho impulsionam investimento imobiliário em 2025. Volume deve subir 8%, para 2,5 mil milhões

Os dois setores têm impulsionado o mercado nos últimos dois anos e a tendência deverá manter-se em 2025. Na habitação, os promotores esperam que o novo ano seja de estabilidade legislativa para que possa existir uma retoma na confiança dos investidores, ao mesmo tempo que a falta de oferta deverá impactar os preços das casas.
23 Janeiro 2025, 07h00

O mercado imobiliário português deverá atingir um volume de investimento na ordem dos 2,5 mil milhões de euros em 2025, o que significa um aumento de 8% (2,3 mil milhões) face ao registado no ano anterior, segundo as previsões da consultora CBRE. O valor atingido no último ano foi suportado por dois segmentos: retalho e hotelaria, que, de resto, têm vindo a ser os principais impulsionadores do setor no pós-pandemia.

“Temos de ser realistas. Estimamos um ano muito alinhado com 2024, com um crescimento de 8%, para 2,5 mil milhões de euros”, referiu Duarte Morais Santos, head of hotels da CBRE, na conferência “Portugal Real Estate Market Outlook”, que decorreu no Museu do Oriente, em Lisboa, na terça-feira.

O responsável destacou que o segmento do retalho deve observar uma quebra no volume dos 1,1 mil milhões para os 700 milhões de euros, com a maior parte das transações a verificarem-se na região Norte.

Por sua vez, Igor Borrego, head of capital markets da CBRE, adiantou que “talvez 2025 traga algumas novidades no setor built to rent, que demora a arrancar em Portugal.”

No caso da hotelaria, Duarte Morais Santos salientou que 2025 será um ano de consolidação, com algumas transações de 2024 a concretizarem-se neste ano. Em 2024, este setor captou 22% do volume total investido em imobiliário, e as estimativas da CBRE apontam para que este ano a percentagem alcance os 29%.

Já, segundo os dados da consultora Savills, o setor retalhista contribuiu para este volume com um total de 1,1 mil milhões de euros, o que significou um crescimento expressivo de 104% face a 2023, com destaque para os centros comerciais, responsáveis por 20% deste valor, e dos supermercados, com cerca de 19% do volume de investimento.

Depois de um ano de 2023 em queda, o mercado de escritórios voltou a recuperar no último ano, onde atingiu um volume de investimento de 310 milhões de euros, representando uma subida de 94% face ao período homólogo. No último ano, este segmento atingiu take-ups de 209 mil m² em Lisboa e de 74 mil m² no Porto, crescendo, face ao ano anterior, 81% e 49%, respetivamente.

Para 2025, a cidade de Lisboa poderá, pela primeira vez, ver o segmento de escritórios atingir rendas acima dos 30 euros/m²/mês, em comparação com os 28 euros/m²/mês registados em 2023, e no Porto a estabilizar nos 20 euros/m²/mês, segundo a consultora CBRE.

Promotores esperam estabilidade legislativa para devolver confiança aos investidores

Apesar de não ser um dos principais impulsionadores do investimento imobiliário, o segmento da habitação é aquele que mais atenções concentra e requer. Os promotores ouvidos pelo JE esperam que o novo ano seja de estabilidade legislativa para que possa existir uma retoma na confiança dos investidores, ao mesmo tempo que a falta de oferta continuará a impactar os preços das casas.

“As previsões para o mercado imobiliário português em 2025 indicam um cenário dinâmico e desafiante. Por um lado, existe capital disponível para investir em Portugal e, por outro, a expetativa sobre a clarificação e simplificação do licenciamento, a par da sustentabilidade. Espera-se que estas mudanças criem novas oportunidades para investidores e proprietários”, refere José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties.

Por sua vez, Gonçalo Cadete, CEO da SOLYD Property Developers, salienta que o mercado imobiliário em 2024 demonstrou uma forte resiliência e dinamismo, refletindo o elevado interesse de investidores. Para 2025, as perspetivas apontam para a continuação da tendência de crescimento do setor”, afirma.

Opinião partilhada por Paulo Loureiro, CEO da Bondstone, que destaca a resiliência e transformação nos setores do imobiliário e turismo em 2024, e que ajudaram no reforço da imagem do país como destino de eleição no panorama global. Contudo, o responsável sublinha que, no caso do imobiliário, a procura manteve-se consistente, mas limitada por desafios como a escassez de oferta habitacional acessível e as incertezas legislativas, que impactaram a confiança dos investidores.

“Para 2025, será essencial priorizar a estabilização legislativa e fiscal, criando um ambiente mais favorável ao investimento. Além disso, a industrialização da construção surge como uma resposta crucial, apoiada em práticas que promovam eficiência produtiva, mitiguem a escassez de mão de obra e impulsionem a sustentabilidade”, afirma.

Em relação aos preços das casas, José Cardoso Botelho refere que, embora a tendência seja de crescimento, os preços podem variar dependendo das condições económicas globais, políticas governamentais e taxas de juro, sendo que a falta de oferta será o fator mais relevante “e não parece que vá melhorar, a prazo”.

Por outro lado, o CEO assume que Portugal continua a atrair investidores de diversas nacionalidades, como os americanos, franceses, brasileiros, britânicos, nórdicos, América do Sul e Médio Oriente, devido a fatores como a qualidade de vida, clima agradável e segurança, mas também as novas rotas aéreas, como as ligações diretas entre Newark e Faro, previstas para o verão de 2025, que são muito positivas para o setor.

“Estas conexões facilitam o acesso de turistas e investidores americanos ao Algarve e a Portugal, no geral. A melhoria da conectividade aérea reforça esta atratividade, tornando estas regiões mais acessíveis e, portanto, mais propensas a captar investimento estrangeiro”, afirma José Cardoso Botelho.

 

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