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Hugo Soares: “Há um mar de decisões que nos separam do PS”

O PSD realiza o seu 42º congresso, em Braga, focado no próximo ciclo político, com autárquicas e presidenciais no horizonte, depois de o secretário-geral do PS ter proposto a abstenção do partido para viabilizar a aprovação do OE2025.
18 Outubro 2024, 10h35

Com o primeiro, grande, cume político ultrapassado com a decisão do secretário-geral do PS de propor a abstenção do partido para viabilização da proposta de Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) na votação na generalidade, o 42º Congresso do PSD, que se realiza este fim-de-semana em Braga, vai apontar para o próximo ciclo político, com autárquicas e presidenciais no horizonte.

A moção “Acreditar em Portugal”, com que Luís Montenegro foi reeleito presidente do PSD nas diretas de setembro, estipula como meta vencer as autárquicas de setembro/outubro de 2025, reconquistando a liderança da Associação Nacional de Municípios (ANMP) e da Anafre – Associação Nacional de Freguesias.

Sobre as presidenciais de janeiro de 2026, o texto recorda tratar-se de “uma eleição unipessoal, onde as candidaturas surgem da vontade individual das personalidades que se propõem a desempenhar a função”, mas Montenegro assume o objetivo de “colaborar para a eleição de um Presidente da República para os cinco anos seguintes”.

O presidente do PSD quer também alterar as estruturas do partido, para que este não se confunda com o Governo.

“O congresso servirá para fazer o balanço dos últimos dois anos, marcado por um impulso muito forte de reforma interna do partido”, diz o secretário-geral do PSD, Hugo Soares, ao Jornal Económico.

O 42º Congresso do PSD esteve marcado para 21 e 22 de setembro, mas os graves incêndios no centro e norte do país na semana anterior levaram o partido a decidir adiá-lo.

Quatro perguntas ao secretário-geral do PSD, Hugo Soares:

Os congressos de um partido no poder são sempre menos agitados do ponto de vista da discussão programática. Este, no entanto, acontece num momento de alta tensão política por causa do OE2025. Será esse o tema central?

Creio que não. O congresso servirá para fazer o balanço dos últimos dois anos, marcado por um impulso muito forte de reforma interna do partido, mas sobretudo de vitórias eleitorais; por outro lado, terá como mote a galvanização do partido para os desafios autárquicos que se avizinham.

O ligeiro recuo do Governo quanto ao IRC não deixou os empresários satisfeitos, sendo os empresários uma parte relevante do eleitorado do PSD, além de ser um dos pontos de destaque no programa de governo. Esse assunto será discutido?

Não me parece que será tema central do congresso. Mas é bom que fique claro: o PSD tem um compromisso fortíssimo com tornar a nossa economia mais competitiva e com melhores salários e atrativa para o investimento externo. No entanto, o resultado eleitoral e a composição do Parlamento (designadamente a posição do PS) não permitiu, nesta fase, irmos mais longe como gostaríamos na redução do IRC.

Muitos analistas dizem que o PSD está a fazer no Governo o que o PS fazia — alimentar certos grupos, como os mais jovens ou os mais velhos. Como analisa esta crítica?

Sem fundamento. O PSD está precisamente a fazer o que o PS não fez; decidir e transformar, valorizar a nossa Administração Pública, colocar os serviços públicos principais a funcionar, colocar regras na imigração, decidir investimentos estruturais como o aeroporto ou as linhas de alta velocidade… enfim, da habitação ao ambiente, da juventude e aos pensionistas há um mar de decisões que nos separam do PS.

O que espera do congresso?

Sobretudo que saia um PSD ainda mais forte e galvanizado para o apoio ao Governo e para um novo ciclo eleitoral.

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