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IA e requalificação do talento são tendências do mercado de trabalho em Portugal

Isabel Roseiro, diretora de Marketing da Randstad Portugal adianta ao JE as conclusões do estudo Talent Trends 2025, onde sobressai “grande otimismo” no impacto da inteligência artificial sobre o mercado de trabalho. Portugal não se afasta das tendências traçadas pelos maiores países.
Homem & Máquina
22 Abril 2025, 07h00

Inteligência Artificial (IA) generativa e requalificação do talento associada ao facto de haver sobretudo no talento qualificado são tendências do mercado de trabalho em Portugal, diz ao Jornal Económico Isabel Roseiro, diretora de Marketing da Randstad Portugal.

Portugal não é um dos 21 países analisados no estudo Talent Trends 2025 do grupo Randstad, cujas conclusões o Jornal Económico adianta em primeira mão, mas não se afasta em nada das tendências traçadas pelos maiores mercados onde opera a Randstad, assegura Isabel Roseiro.

No sentido geral, o estudo destaca “um grande otimismo” relativamente ao impacto da IA. “O que se espera é que a IA generativa venha automatizar as tarefas rotineiras e que venha potenciar a parte humana e o valor que as pessoas podem acrescentar a automação e agilização de processo”, explica a responsável da Randstad Portugal.

Talent Trends 2025 destaca o papel dos assistentes de carreira, chatbots e plataformas de apoio – “ajudam a criar experiências personalizadas para os colaboradores e a reduzir viés inconsciente nos processos de recrutamento” – e revela que apesar de apenas 41% das empresas utilizarem automação para este fim, 83% reconhecem o seu potencial transformador.

A tecnologia está também a ser usada para melhorar a gestão de tempo, comunicação e reconhecimento.

Ferramentas de IA permitem que todos os colaboradores — e não apenas os cargos de topo — acedam a oportunidades de progressão, aumentando a retenção e a mobilidade interna, refere ainda o estudo.

A IA pode ajudar a ajustar processos, remover barreiras e tirar partido de competências como criatividade e reconhecimento de padrões. Nos EUA, por exemplo, até 85% dos adultos autistas com curso superior estão desempregados, um sinal claro da urgência de mudança, refere Isabel Roseiro, contrapondo com Portugal, bastante potenciado pela legislação que obriga as maiores empresas a incluir pessoas com incapacidade. “Fazem falta não só porque há escassez, mas porque podem trazer perspetivas diferentes”, salienta.

A Portugal também se aplica uma outra tendência: escassez de talento, sobretudo de perfis qualificados. “Em Portugal é claramente muito importante e obriga a que as empresas tomem medidas e optem por estratégias sobretudo em termos de requalificação profissional. Também aí vemos a IA a vir ajudar a tornar mais acessível a formação e a requalificação”, refere Isabel Roseiro.

A responsável da Randstad refere que os ritmos de adoção são diferentes, mas dependem mais da empresa do que propriamente do país. Naturalmente, as grandes empresas têm vantagem e vão na dianteira do processo.

A flexibilidade também está na ordem do dia como tendência do mercado de trabalho. Em Portugal, segundo o INE abrange 20% da população e é neste momento o critério mais valorizado pelos profissionais. “Empresas que queiram reter profissionais terão que ir ao encontro destas preferências”, adianta Isabel Roseiro.

Ainda de acordo com o estudo, competências como empatia, agilidade, literacia digital e capacidade de gerir equipas híbridas são agora cruciais e as empresas estão a investir em novos programas de mentoring e requalificação, para que a liderança se torne mais inclusiva, colaborativa e orientada para o impacto coletivo.

Mais de metade das empresas aumentaram os seus orçamentos para formação e desenvolvimento em 2024, com foco em competências como IA, pensamento crítico, colaboração e adaptabilidade, revela Talent Trends 2025.

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