Segundo o estudo “The AI Maturity Matrix – Which Economies Are Ready for AI?”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG), a Inteligência Artificial (IA) está a transformar as economias, tornando-se numa prioridade estratégica globalmente. No entanto, sete em cada 10 (70%) economias a nível mundial não estão bem preparadas para as disrupções impulsionadas pela IA, e apenas as economias do Canadá, China, Singapura, Reino Unido e EUA são consideradas bem preparadas e pioneiras em IA, ganhando vantagens competitivas.
O estudo conclui ainda que os setores da informação e comunicação, bens de tecnologia de ponta, retalho, serviços financeiros, e fabrico de automóveis são os mais expostos às disrupções da IA.
Num cenário de transformação tecnológica, a BCG desenvolveu uma matriz para avaliar a maturidade e resiliência de IA em 73 economias mundiais, assente em dois pilares fundamentais. Em primeiro lugar, é analisada a exposição de cada economia às perturbações provocadas pela Inteligência Artificial, sendo a exposição entendida como o potencial de esta tecnologia ter um impacto negativo ou positivo num setor. Simultaneamente, é avaliada a preparação de cada economia para aproveitar o potencial de crescimento da tecnologia e para mitigar os riscos potenciais.
Pedro Pereira, Managing Director e Senior Partner da BCG em Lisboa, defende que “embora a adoção da IA esteja a crescer globalmente, apenas um conjunto limitado de economias está realmente preparado para acompanhar as transformações impulsionadas por esta tecnologia, posicionando-se como referências a nível internacional”.
“Para responder aos desafios e aproveitar o potencial da IA, os governos devem adotar estratégias que reforcem a adaptação económica, impulsionem a produtividade e a competitividade, e fomentem o desenvolvimento de setores estratégicos — como a formação de talento digital ou o incentivo à inovação — assegurando um crescimento sustentável e duradouro, e fortalecendo também setores mais expostos à disrupção setores como tecnologia, retalho, serviços financeiros, e indústria automóvel”, acrescenta Pedro Pereira.
A matriz de maturidade, através da avaliação da exposição e preparação das economias para a IA com base na análise de fatores como ambição, competências, política e regulação, investimento, investigação e inovação, e ecossistema, deu origem a seis arquétipos de desenvolvimento económico na adoção desta tecnologia, explica a BCG.
Há os pioneiros em IA, como os EUA, Canadá, China, Reino Unido e Singapura, que têm infraestruturas sólidas e uma adoção diversificada de IA, e contam com um elevado investimento em Investigação e Desenvolvimento (I&D), bem como com profissionais altamente qualificados no setor tecnológico. Enquanto fornecedoras globais de tecnologia e competências de IA, conseguem estabelecer normas e influenciar o panorama global de adoção da tecnologia.
Há os fortes concorrentes, que são economias com setores de serviços altamente expostos à IA, mas também com um grau de preparação adequado para as disrupções da tecnologia. Nesta categoria incluem-se economias europeias bem estabelecidas, como a Alemanha, e países como a Malásia.
Há também os concorrentes em ascensão. As economias que integram este arquétipo são as menos expostas à IA, devido à predominância de setores industriais ou baseados em matérias-primas, apesar de terem um nível de preparação suficiente para as dirupções impulsionadas pela tecnologia. Alguns exemplos destas economias são a Índia, a Arábia Saudita e a Indonésia.
Há os praticantes expostos que se caracterizam por serem economias com exposição relativamente elevada à tecnologia, mas vulneráveis às disrupções que a IA acarreta. Este grupo inclui economias desenvolvidas e em desenvolvimento, tal como as de Malta, Hungria e Grécia, com potencial para crescimento rápido mediante investimentos estratégicos.
Há os praticantes graduais que dominam setores menos dependentes de alta tecnologia, tais como o turismo, os têxteis, o fabrico de madeira e a agricultura. Este arquétipo integra economias que adotam a IA de forma moderada, como por exemplo a Argentina, o Egito e as Filipinas, com uma exposição relativamente baixa à tecnologia e pouco preparadas para a sua adoção.
Há ainda os emergentes em IA, que incluem países como Angola, Venezuela e Nigéria, caracterizam-se por estar em estágios iniciais de adoção de IA, havendo necessidade de construir estratégias e infraestrutura básicas que lhes permitam atingir níveis básicos de integração da tecnologia e de competitividade.
Setores mais expostos às disrupções da IA
Os setores da informação e comunicação, bens de tecnologia de ponta, retalho, serviços financeiros e fabrico de automóveis destacam-se como os mais expostos à transformação impulsionada pela IA globalmente, conclui o estudo.
Neste contexto, as economias onde estes setores dominam estão entre as mais expostas à disrupção, com destaque para o Luxemburgo, onde 30% do PIB corresponde ao setor dos serviços financeiros, e para Singapura, com 18% do PIB a depender da indústria dos serviços empresariais, 16% do retalho e 14% dos serviços financeiros.
Em oposição, as economias menos expostas à tecnologia possuem setores menos suscetíveis à disrupção, como é o caso do setor da construção e da agricultura. Entre estas economias destaca-se a Indonésia, onde 13% do PIB depende do setor agrícola e 11% da indústria da construção e a Índia, onde o setor da agricultura e o da construção representam 17% e 8% do PIB, respetivamente.
A consultora recomenda que, num contexto global dominado pela IA, “os governos devem preparar as suas economias para capitalizar as oportunidades e enfrentar os desafios levantados pela tecnologia”.
A BCG recomenda três estratégias chave que abrangem os diferentes níveis de maturidade das economias na adoção de IA. Para as economias emergentes, é essencial acelerar a adoção da IA, encarando-a como uma ferramenta estratégica de desenvolvimento e investindo nos fundamentos e capacidades necessárias para maximizar o seu potencial.
Para as economias praticantes e concorrentes, o foco deve estar em adaptar a tecnologia às suas necessidades específicas, potenciando a eficiência e a competitividade através de uma implementação personalizada.
Para as economias pioneiras, o objetivo passa por expandir não só a adoção da IA, mas também fortalecer a sua influência como líderes globais, moldando a agenda internacional de adoção e regulamentação da tecnologia, conclui a consultora.
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