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Ideias para desempregados

Toda a gente pode ficar desempregado e isso muitas vezes depende de fatores externos, mas raramente uma pessoa que se cultiva fica muito tempo desempregada.
6 Outubro 2020, 07h15

Numa altura em que há uma quantidade de desempregados como já não se via há muitos anos, urge entender que alternativas existem para quem está na situação de desemprego, para além da óbvia que é procurar emprego (normalmente na mesma área que no último emprego).

Uma primeira alternativa é estudar. A situação de desemprego pode transformar-se numa oportunidade para uma maior qualificação, se o desempregado tiver a ambição de ter uma vida melhor. Seja completando o ensino secundário ou ingressando numa licenciatura ou num mestrado, a qualificação académica tem a dupla vantagem de, no fim do processo, aumentar quer a probabilidade de arranjar emprego, quer de esse emprego ter um vencimento mais elevado. Os estudos da Economia da Educação apontam conclusões opostas àquele célebre adágio pessimista de que não vale a pena estudar para ficar desempregado. Claro que fazer o 12.º ano ou um curso superior não é suficiente para garantir coisa alguma, tudo depende da empregabilidade da área em que se faz o curso, da qualidade e do prestígio do estabelecimento de ensino, das notas, e, finalmente, do esforço em procurar emprego. Todo este raciocínio também se aplica a cursos profissionais e a formação profissional, obviamente. Engenharias informáticas e similares, bem como saúde humana, tendem a ser áreas onde a empregabilidade é maior. No extremo oposto, com uma empregabilidade tendencialmente menor, encontram-se cursos como, por exemplo, Planeamento e Gestão do Território. Escolha algo que goste e simultaneamente que forme para algo com futuro.

Uma segunda alternativa consiste em montar um negócio por conta própria, principalmente na prestação de serviços. Muitas vezes a experiência adquirida num emprego anterior pode funcionar como um bom ponto de partida para se trabalhar nessa mesma área, ou área próxima, mas por conta própria. Um dos fatores que mais ajudam neste caso é, enquanto empregado, ter-se trabalhado como se fosse para si próprio, pois dessa forma a aprendizagem sobre o negócio em geral é muito maior. Muita gente atira a toalha ao chão antes de tentar, dizendo que não tem dinheiro, o que é impeditivo em alguns casos, mas não em todos. Para além de haver negócios que necessitam de um capital inicial pequeno ou até mesmo irrisório, a existência de um projeto viável por vezes abre a porta para que o capital surja. Tudo depende também da ambição, da humildade, da luta e da mentalidade. E por vezes não se acerta à primeira, mas acerta-se à segunda ou à terceira.

Uma terceira alternativa passa por uma dedicação à agricultura. Este setor tem grandes oportunidades, e ainda muito está por explorar, nomeadamente na agricultura conhecida por biológica, orgânica, sustentável. O facto deste tipo de agricultura ainda ser minoritária e permitir a prática de preços de venda mais elevados constitui um potencial acrescido para quem a ela se dedicar.

A quarta e última alternativa que apresento, é emigrar. Apresento-a em último lugar porque, para a maior parte da população, é uma alternativa que surge como de último recurso, já que a decisão de mudar de país é uma decisão que implica uma mudança drástica na vida pessoal. Ainda assim, se existem emigrantes que ficam alguns anos no estrangeiro, é porque existem oportunidades que valem a pena explorar, e ficar desempregado muito tempo não será melhor. Destaco a Noruega, a Suíça, Emirados Árabes e Singapura como, sem dúvida, dos melhores países para se emigrar, onde os níveis salariais são muito elevados e a segurança é muito grande.

Cada um deve tentar resolver o seu problema de desemprego da melhor maneira que souber, mas ficam aqui algumas ideias que poderão, eventualmente, ajudar. Para além disso, fale, converse, procure, saia de casa, interaja, tenha fome de aprender, candidate-se, surpreenda os selecionadores pela positiva com entrevistas cuidadosamente preparadas e um curriculum adaptado a cada oportunidade. Evite ficar fechado em casa à espera que o emprego apareça, nem se contente com subsídios, nem com rendimentos sociais e afins. Toda a gente pode ficar desempregado e isso muitas vezes depende de fatores externos, mas raramente uma pessoa que se cultiva fica muito tempo desempregada.

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