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Ilha cabo-verdiana do Sal recebe em julho primeira extensão do Kriol Jazz Festival

“Já estávamos à espera que a retoma fosse difícil, mas foi melhor do que estávamos à espera e nos próximos anos esperamos retomar a quantidade de público do costume”, disse o produtor Djô da Silva.
16 Abril 2023, 13h30

A ilha cabo-verdiana do Sal vai receber em 07 e 08 de julho a primeira extensão do Kriol Jazz Festival (KJF), informou este domingo a organização do evento, que considerou que a ideia é uma “aventura”.

A informação foi avançada à agência Lusa pelo produtor José ‘Djô’ da Silva, no final da 12.ª edição do evento, que regressou à cidade da Praia depois de três anos suspenso devido à pandemia da covid-19.

Relativamente à edição de retoma, o responsável musical disse que foi boa, com um bom ambiente, boas bandas e com o público a gostar, mas notou que sem as grandes enchentes de anos anteriores.

Djô da Silva avançou que passaram pelo recinto no centro histórico da Praia cerca de 1.000 pessoas em cada um dos três dias, enquanto em edições anteriores há registo de 1.500 e até 2.000 pessoas por dia.

“Ainda temos muito para andar para chegar à situação normal (…). Mas já estávamos à espera que a retoma fosse difícil, mas foi melhor do que estávamos à espera e nos próximos anos esperamos retomar a quantidade de público do costume”, perspetivou.

O dono da produtora Harmonia, que organiza o festival, explicou à Lusa que a redução de público tem a ver com o que está a acontecer a nível mundial após a pandemia da covid-19, em que os espetáculos perderam 40% de público.

E as razões são muitas, começando pelo facto de as pessoas terem se acostumado a ficar em casa, onde fazem outras atividades, mas também por causa da falta de confiança se o festival iria ser realizado ou não, por causa da paragem.

“Portanto, temos de voltar a ganhar a confiança das pessoas”, prometeu o responsável, apontando igualmente a questão económica, com muitas pessoas a passar por momentos difíceis e sem poder pagar um bilhete a 3.000 escudos (27 euros) só por um dia.

O primeiro dia do festival, que coincidiu com o fecho do Atlantic Music Expo (AME), a maior feira de música do arquipélago, é sempre com entrada gratuita, enquanto quem comprasse bilhete para os dois dias seguintes pagaria 5.000 escudos (45 euros), perfazendo 2.500 escudos (22,6 euros) por dia.

“Não podemos fazer este tipo de festival com valores de entrada inferiores a isso porque seria impossível”, explicou ainda José da Silva, lamentando a “falta de interesse” para uma extensão à ilha de São Vicente, mas espera que isso venha a acontecer em 2024.

O KJF terminou na madrugada de domingo, com atuação de Doctor Prats, de Espanha. Na mesma noite passaram pelo palco Dee Bridgewater (Estados Unidos), Lucibela (Cabo Verde) e Asa (Nigéria).

Este ano, atuaram 10 grupos e artistas de oito países, tendo começado na quinta-feira com a Orquestra Baobab (Senegal) e Pamela Bagadjogo (Gabão).

Na segunda noite, subiram ao palco Tcheka (Cabo Verde), Roosevelt Collier (Estados Unidos), Luedji Luna (Brasil) e Bamba Wassoulou (Mali).

A 12.ª edição deste festival, um dos mais emblemáticos do continente africano, homenageou o arquiteto e músico cabo-verdiano Frederico ‘Nhonho’ Hopffer Almada, que faleceu em 01 de janeiro, na cidade da Praia, aos 66 anos.

Em 2014, o Kriol Jazz foi nomeado pela revista Songlines como um dos melhores 25 festivais do mundo, e já é parte do calendário cultural e turístico da cidade da Praia e de Cabo Verde, tendo colocado o país na rota da ‘world music’.

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