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Imaginem! Desafiem, a vossa mente!

Sermos capazes de “dar asas à imaginação” é fundamental, se queremos que o mundo avance, não só em termos culturais ou até sociais, mas particularmente a nível económico e organizacional. Sem os “criadores de ideias”, aqueles que imaginam o que ainda não existe, e sem as suas ideias, muitas vezes vistas como estranhas, consideradas “não funcionais” ou até impossíveis de alcançar, estaríamos parados no tempo.
14 Agosto 2019, 07h15

Há mais de 40 anos John Lennon encantou o mundo com “Imagine” e até aos dias de hoje continua a ser uma das músicas mais tocadas pelo mundo fora. É uma das músicas que, acredito, mais fazem as pessoas sonhar, talvez pela sua musicalidade, talvez pela letra, talvez por muitas outras razões que eu própria desconheça. Ou simplesmente, “Imagine” invoca algo dentro de nós que apela ao sonho. Por isso mesmo, questiono-me se na escrita desta tão poderosa música, alguém parou um minuto para pensar o que significa: “Imagine”! Porquê? Podem alguns de vós questionar. Porque imaginar é uma das componentes que considero fundamentais para o desenvolvimento de um pensamento criativo! Imaginar é uma das competências mais intrigantes do Ser Humano, mas também uma das mais importantes para o próprio avanço da sociedade.

Se pensarmos nos mais variados produtos ou serviços que diariamente surgem, podemos cair no erro de acreditar que tudo surgiu “num piscar de olhos”. Contudo, por detrás de cada novo produto ou serviço estiveram dias, meses ou talvez anos de envolvimento na sua construção, delineação e implementação de ideias. Mas, de onde surgiram estas ideias? Da capacidade de cada um imaginar e criar possibilidades! Imaginação e criatividade andam de “mãos dadas”. No artigo “Imagination is the seed of creativity” publicado no The Cambridge Handbook of Creativity, os autores afirmam que sem imaginação não pode existir criatividade. Nessa mesma reflexão, os investigadores consideram a imaginação como uma capacidade humana de construir representações mentais de ‘coisas’ que não estão presentes no momento, ou seja, é uma representação mental de algo que não conseguimos ver, ouvir, tocar, cheirar ou saborear naquele preciso instante. Por detrás da imaginação e, nas suas mais variadas formas, estão interações complexas de redes neuronais. Porém, independentemente desta complexidade e diversidade do pensamento imaginativo Gotlieb e colaboradores (2019) reconhecem que existe um ponto de contacto entre todos os processos cognitivos e emocionais: a capacidade de o Ser Humano “ver” na sua mente aquilo que não está presente, o que é crucial para o pensamento criativo.

O mundo necessita de ter os “pés assentes na terra”, isso é inegável! Mas, “imaginem”, um mundo sem imaginação! Quão triste, mecânico e pobre tudo seria! Sermos capazes de “dar asas à imaginação” é fundamental, se queremos que o mundo avance, não só em termos culturais ou até sociais, mas particularmente a nível económico e organizacional. Sem os “criadores de ideias”, aqueles que imaginam o que ainda não existe, e sem as suas ideias, muitas vezes vistas como estranhas, consideradas “não funcionais” ou até impossíveis de alcançar, estaríamos parados no tempo.

Olhem para a vossa esquerda e, para a vossa direita: será que os objetos que estão ao vosso redor existiriam hoje em dia se, não tivessem sido sonhados ou imaginados? Muito provavelmente não! Será que o mundo, como hoje o conhecemos, existiria? Arrisco-me a afirmar que não! Por isso, deixo-vos (mais) um desafio: imaginem! Desafiem, a vossa mente! Pois, como Carl Sagan afirmou: “Imagination will often carry us to worlds that never were. But without it we go nowhere.”

Bibliografia consultada:

Gotlieb, R., Hyde, E., Immordino-Yang, M.., & Kaufman, S.B. (2019). Imagination is the seed of creativity. In J.C. Kaufman & R.J. Sternberg (Eds.), The Cambridge Handbook of Creativity (pp.709-731). New York, NY: Cambridge University press.

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