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M&A: Imobiliário, banca e torres da Altice marcaram 2018

No ano passado tiveram lugar cerca de 350 operações de fusões e aquisições (M&A) em Portugal, no valor de 22 mil milhões de euros. PLMJ, Morais Leitão e Deloitte lideram ranking da Mergermarket.
17 Março 2019, 15h00

O ano passado foi de grande dinamismo no mercado de fusões e aquisições português, embora com menos 2% de operações que em 2017. As bases de dados da Mergermarket e do diretório TTR, consultadas pelo Jornal Económico, apontam para cerca de 350 transações envolvendo empresas portuguesas, num valor global que supera os 22 mil milhões de euros (não estando aqui incluída a OPA lançada pela CTG sobre a EDP, que ainda está em curso e cujo desfecho é incerto).

Este valor, que, segundo o TTR representa um crescimento de 76% face ao ano anterior, deveu-se em grande parte ao dinamismo do mercado imobiliário português, que continuou a atrair investidores de além fronteiras. O TTR lista 90 grandes negócios de M&A no imobiliário em Portugal (com a compra de sociedades detentoras de imóveis), o que representa uma subida de 27% em termos homólogos. Outro sinal dos tempos foi o crescimento de 68% no número de operações nos setores do Turismo e Hotelaria. Por sua vez, setores como Tecnologia e Financeiro tiveram crescimentos mais modestos no número de deals, com subidas homólogas de 3% e 6%, respetivamente.

A grande maioria das operações passou pela compra de ativos portugueses por grupos estrangeiros. Exemplos disso são três das principais operações que ocorreram em Portugal no ano passado: no setor financeiro, a compra da unidade portuguesa do Deutsche Bank pelo grupo espanhol A Banca, por um montante não divulgado; nas infraestruturas, a aquisição das torres da Altice pela Horizon Equity/Morgan Stanley, por 660 milhões de euros, que foi assessorada pela PLMJ (comprador) e pela Vieira de Almeida (vendedor); e, no imobiliário, o grande negócio do ano foi a venda do Lagoas Park ao fundo Kildare, pela Teixeira Duarte, por 375 milhões de euros. A Uria Menéndez – Proença de Carvalho assessorou o comprador, ao passo que a Morais Leitão apoiou a Teixeira Duarte.

Segundo Francisco Xavier de Almeida, sócio de Corporate da CMS Rui Pena & Arnaut, na atual conjuntura as empresas optam pelas aquisições devido às “modestas” perspetivas de crescimento económico e ao facto de o BCE manter a política de estímulos, que facilita o financiamento das aquisições e incentiva a tentar encontrar investimentos mais rentáveis.

Esta conjuntura tem sido favorável às sociedades de advogados, aos bancos de investimento e às firmas que prestam serviços de assessoria financeira às empresas que protagonizam os movimentos de consolidação. No mercado português, são utilizados dois rankings para aferir quais os assessores mais ativos: o da Mergermarket e o do TTR. De acordo com o ranking da Mergermarket, que identifica apenas as grandes operações (e, por isso, é menos exaustivo), a PLMJ foi o escritório que mais negócios de M&A assessorou em 2018, com um total de 13 deals no valor de 1,6 mil milhões de euros (ver infografia). Em segundo lugar, por número de operações, surge a Morais Leitão, com nove negócios no valor de 26,4 mil milhões de euros. Este número significa que a Morais Leitão lidera em termos de valor das operações, sendo que a firma liderada por Nuno Galvão Teles apoia a EDP na OPA chinesa, que está incluída neste montante.

O número de firmas portuguesas no ranking é escasso. Além da PLMJ e da Morais Leitão, integram a lista da Mergermarket a Vieira de Almeida, a Raposo Bernardo (que assessorou a Icelandair na privatização da companhia aérea de Cabo Verde TACV e a compra da Siversea Cruises pela Royal Caribean), a Serra Lopes Cortes – Martins (que apoia a CTG na OPA sobre a EDP), a RPR Advogados e a SRS Advogados. As firmas ibéricas, com sede em Espanha mas com escritórios em Portugal, desempenharam também um papel de relevo: Cuatrecasas, Uría, Garrigues e Gomez Acebo & Pombo. De referir ainda a Linklaters, firma britânica que tem escritório em Portugal e foi responsável por seis operações mapeadas pela Mergermarket, no valor de 27 mil milhões de euros. O ranking fica completo com vários escritórios de advogados britânicos e americanos, que assessoram fundos internacionais que estão em Portugal.

‘Big Four’ entram em força no mercado da assessoria financeira

No que diz respeito à assessoria financeira das operações, no ano de 2018 continuou a fazer-se sentir a tendência para a “boutiquização” da banca de investimento em Portugal, com a perda de importância dos bancos tradicionais (que, por circunstâncias diversas, desinvestiram nesta área) e o surgimento de novos players, que têm estruturas mais leves (ver páginas 10 e 11). Mas também as chamadas ‘Big Four’, Deloitte, PwC, EY e KPMG, estão muito ativas na assessoria a operações a M&A.

A Deloitte destaca-se no ranking com um total de 12 operações identificadas, à frente da rival KPMG (em segunda posição) e do banco de investimento Haitong (ex-BESI, em terceira posição). Por sua vez, a PwC está em quinta posição, com quatro operações, enquanto a EY em vigésima sexta, com um deal identificado pela Mergermarket.

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