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Imparidades: o fator que mais pesou no consumo de capital dos bancos nos testes de stress da EBA

Apesar de um cenário adverso geralmente mais difícil do que o dos testes de stress de 2016, os resultados de 2018 refletem uma posição de capital mais sólida para a maioria dos bancos europeus, com variações específicas entre bancos e jurisdições individuais, diz a DBRS. No entanto alerta que haverá bancos que terão de subir o rácio de capital por exigências regulatórias.
11 Novembro 2018, 15h00

As perdas por imparidade foram o principal fator negativo por trás da exaustão de capital refletida nos resultados dos testes de stress da Autoridade Bancária Europeia (EBA), com uma média de perdas de crédito em risco de 433 pontos base (4,33 pontos percentuais), revela a agência de rating canadiana DBRS.

De acordo com cálculos do DBRS, em média, cerca de 50% das perdas de crédito estão relacionadas a empréstimos a empresas, 25% a empréstimos hipotecários e outros 25% a outros empréstimos de retalho a particulares, principalmente crédito ao consumido. “Os resultados do teste de resistência mostram novamente uma diversidade significativa de resultados, dependendo da jurisdição do banco”, ressalva a agência.

Os resultados do exercício de teste de stress da EBA 2018 mostram um aumento do nível de resiliência nos principais grupos bancários da Europa. O rácio de CET1 para todos os bancos ficou acima de 5,5% no cenário adverso.

“Os bancos atingiram melhores rácios CET1 do que em 2016, apesar de um cenário adverso geralmente mais díficil. No entanto, alguns bancos podem ter de vir a aumentar os seus rácios de capital devido a expectativas de maiores exigências de capital da entidade de supervisão”, avisa no entanto a DBRS.

O rácio médio de Common Equity Tier 1 (CET1) na versão phased-in e na versão fully-loaded para os bancos europeus no cenário adverso, em 2020, ficou em 10,3% e 10,1%, respetivamente.

A DBRS observa que, nos testes de resistência da EBA deste ano, todos os 48 bancos atingiram um rácio de capital CET1 (fully loaded) superior a 5,5%.

A degradação média de capital em cenário de stress foi de cerca de 400 bps para a amostra de 48 bancos incluídos no exercício.

Além disso, para as 33 instituições da área do euro, esses testes de stress têm uma implicação direta no rácio exigido pela entidade de supervisão (BCE) por via do aumento potencial de exigências de capital e expectativas ao nível dos requisitos de pilar 2, no âmbito do SREP. Esta atividade fundamental é chamada “processo de análise e avaliação para fins de supervisão” ou, simplesmente, “SREP” (do inglês Supervisory Review and Evaluation Process). O Pilar 2 – é a exigência de capital com base no processo de avaliação SREP. Ou seja, este pilar 2 aumenta o rácio de capital CET1 mínimo que cada banco tem de ter especificamente. As autoridades de supervisão avaliam e medem regularmente os riscos a que cada instituição de crédito está exposta.

Segundo a DBRS para o grupo de 33 bancos (de entre o grupo de 48 analisados pela EBA) supervisionados pelo BCE, os piores testes de resistência ao stress podem significar que ao nível do Pilar 2 vão ter maiores exigências de capital por parte do BCE.

A agência realça que os bancos alemães, ingleses e irlandeses foram os que viram os rácios de capital mais degradados nos cenários adversos testados pela EBA.

Os bancos na Alemanha, Reino Unido e Irlanda mostraram o maior esgotamento de capital com uma redução de seus rácios médios de CET1 de mais de 500 bps. Em média, os bancos alemães foram afetados principalmente pelos baixos resultados antes de provisões, enquanto os bancos do Reino Unido e da Irlanda sofreram, em média, de elevados prejuízos combinados com um modesto lucro pré-provisões.

O resultado antes do provisões e impostos é impulsionado principalmente pela evolução da margem financeira, diz a DBRS que lembra que países como o Reino Unido, Irlanda, Áustria e França mostram uma geração de resultados antes de provisões e impostos acumulada ao longo do período de stress de 3 anos de menos de 3% dos RWAs (Ativos ponderados pelo risco). Enquanto, os bancos alemães e finlandeses mostram, em média, geração negativa de resultados antes de impostos e provisões.

A amostra da EBA mostra um impacto médio de 170 bps nos seus rácios de capital, devido ao aumento dos ativos ponderados pelo risco (RWAs). Países com baixa densidade de ativos ponderados pelo risco, como Suécia, Holanda, Dinamarca ou Reino Unido, são os mais afetados

Outro dos factores que justifica a delapidação do rácio de capital é relativo às Perdas de Risco de Mercado. A amostra de EBA mostra uma média de 89 bps de perdas fruto do aumento do risco de mercado

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