O presidente norte-americano criticou o depoimento dado pela antiga embaixadora pelos EUA em Kiev, Marie Yovanovitch e pediu para que o processo de impeachment fosse levado a julgamento.
Durante uma entrevista por telefone ao canal de informação Fox News, esta sexta-feira, Donald Trump comentou, também, sobre a atual investigação de destituição que contou com os depoimentos de testemunhas-chave nas últimas duas semanas. Indignado e frustrado, o presidente norte-americano falou sobre o facto de os republicanos não terem sido autorizados a chamar testemunhas durante as audiências no Congresso, e sugeriu que fosse a julgamento para ter uma oportunidade de questionar o denunciante e o presidente do comité de inteligência da Câmara, Adam Schiff.
“Queremos [republicanos] ligar ao denunciante”, começou por dizer. “Mas sabem quem eu quero como primeira testemunha, porque, francamente, eu quero um julgamento ”, afirmou Trump.
Incrédulo, Brian Kilmeade, anfitrião da Fox & Friends, questionou: “Quer um julgamento?”. Ao que Trump respondeu: “Eu gostaria”.
President Trump just said this on @foxandfriends in a phone interview this morning:
— Grant Stern is boosted! (@grantstern) November 22, 2019
"I want a trial."
The hosts tried to ask him a follow-up question about that, but he didn't stop talking to respond to them. pic.twitter.com/i54B0f2xAW
Para que o processo seja levado a julgamento, a Câmara dos Representantes teria que acusar Donald Trump formalmente, algo que especialistas especulam deverá acontecer antes das eleições de 2020. Mas para já, segue-se uma semana de pausa, durante a qual os democratas tentarão perceber se conseguem levar a votação da destituição presidencial ao Senado, a câmara alta, ainda antes do fim do ano.
A chamada continuou e Donald Trump criticou a antiga embaixadora acusando-a de nunca o ter defendido e de ter falado mal dele: “Ela não pendurou uma foto minha na embaixada. Ela é responsável pela embaixada. Ela não pendurou. Demorou cerca de um ano e meio, dois anos para pendurar a fotografia. Ela disse coisas más sobre mim, ela não me defendeu. Eu tinha o direito de mudar a embaixadora. Esta mulher não era um anjo, ok? “
A antiga embaixadora dos EUA na Ucrânia garantiu no Congresso, na semana passada, disse que ficou “horrorizada, devastada e em choque” ao ler a transcrição do polémico telefonema de Trump ao seu homólogo ucraniano. Durante a audição, a antiga embaixadora dos EUA disse ter sido alvo de uma “campanha de difamação” montada por Trump com a ajuda de ucranianos, que levou ao seu afastamento repentino e “inexplicável” do cargo em maio deste ano.“Foi um momento horrível. Fiquei pálida ao ler a transcrição, disse-me uma pessoa que estava comigo. Tive uma reação muito física”, explicou.
Nessa conversa, e segundo a transcrição divulgada pela Casa Branca, Trump ter-se-á referido à antiga embaixadora como “bad news” e garantido que iam “acontecer-lhe umas coisas” quando regressasse aos EUA. “Fiquei em choque”, disse ainda Yovanovitch, “devastada por saber que o Presidente dos EUA tinha falado daquela maneira sobre um embaixador com o chefe de Estado de outro país”. “Nem conseguia acreditar. Encarei aquelas palavras como uma ameaça.”
Trump on Yovanovitch: "She wouldn't hang my picture in the embassy. She is in charge of the embassy. She wouldn't hang it. It look a year-and-a-half, two years to get the picture up. She said bad things about me … This was not an angel this woman, okay?" pic.twitter.com/mayhFy8jSG
— Josh Marshall (@joshtpm) November 22, 2019
Nas duas semanas de audições públicas, um total de 12 diplomatas de carreira, funcionários públicos e nomeados políticos descreveu como o Presidente, através do seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, tentou pressionar a Ucrânia a anunciar uma investigação ao rival democrata e ex-vice-Presidente Joe Biden, que poderá ser o escolhido para disputar com Trump as eleições do próximo ano.
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