O presidente dos Estados Unidos da América disse que não ia assistir a uma “caça às bruxas”, mas a sua atividade no Twitter indicia o contrário. No primeiro dia das audiências ao vivo no inquérito de destituição a Donald Trump, duas testemunhas chave subiram à Câmara de Representantes para contar a sua versão da história, o embaixador interino em Kiev, William Bill Taylor e George Kent, vice-secretário adjunto de Assuntos Europeus.
O embaixador interino, reafirmou a sua convicção de que a Casa Branca chantageou a Ucrânia, entre maio e setembro, e sugeriu que o próprio Presidente norte-americano disse estar mais interessado em prejudicar Joe Biden e outras figuras do Partido Democrata do que em ajudar o Exército ucraniano a combater contra os separatistas pró-russos no Leste do país.
O diplomata denunciou na sua audição uma conversa telefónica ouvida por um elemento do seu staff — da qual só recentemente ficou a par — na qual Trump terá mencionado “as investigações” [a Biden] quando falava com o embaixador dos Estados Unidos da América na União Europeia, Gordon D. Sondland. “No final do telefonema, o funcionário da minha equipa perguntou ao embaixador Sondland o que o presidente Trump pensava sobre a Ucrânia, ao que este respondeu que o presidente estava mais interessado nas investigações a Biden”, continuou.
A revelação da chamada telefónica foi a maior novidade de relevo trazida por William B. Taylor para a sua audição de esta quarta-feira, já que já tinha sido ouvido no mês anterior, quando denunciou que Trump condicionou “por completo” a relação dos EUA com a Ucrânia — incluindo apoio militar e uma receção na Casa Branca — mediante a disponibilidade do sistema judicial e político ucraniano para investigarem o antigo vice-presidente democrata Joe Biden, um então possível adversário de Trump nas futuras eleições presidenciais de 2020.
A Casa Branca e o Partido Republicano afirmam que o pedido à Ucrânia para investigar Biden é legítimo, porque o Presidente Trump estava apenas a exigir do novo Presidente ucraniano uma prova de que a sua promessa de combate à corrupção era para ser levada a sério. Segundo os republicanos, não houve troca de favores porque os ucranianos não sabiam que a ajuda financeira tinha sido congelada – uma versão posta em causa por testemunhas ouvidas à porta fechada.
Já Kent afirmou ter percebido em meados de agosto que o advogado pessoal de Trump, Rudy Guiliani, tinha desenvolvido esforços para pressionar o chefe de Estado da Ucrânia a investigar adversários políticos de Trump. Segundo Kent, essa interferência estava “a infetar a ligação dos EUA com a Ucrânia” e Rudy Giuliani, de acordo com a sua convicção, atuou no sentido de “escavar e encontrar lama política para prejudicar um potencial rival [de Trump] no ciclo eleitoral que se seguiria”, as presidenciais de 2020.
A audiência prossegue na sexta-feira com a antiga embaixadora em Kiev, Marie Yovanovitch. Na audiência privada, a diplomata afirmou ter sido afastada do cargo por Donald Trump, na primavera, vítima de uma “campanha concertada” na qual foi atacada pelo advogado pessoal do presidente, Rudy Giuliani.
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