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Importrust. Startup portuguesa começou com dois lugares e já poupou quatro milhões aos clientes

“A grande poupança está mesmo no valor do carro, que é 30 a 40% mais baixo no mercado internacional do que nos stands portugueses, porque a oferta é muito maior no estrangeiro”, explica António Eça, referindo ainda que a Importrust não apresenta “extras ocultos nem condições nas entrelinhas”.
25 Julho 2023, 07h30

Dois amigos juntaram-se e foram às compras. Podia ser a premissa de um filme, mas é mesmo uma história verídica da qual resulta uma startup consolidada, com clientes e que já levou à poupança na casa dos quatro milhões.

Esta é a história da Importrust, uma empresa que junta três partners e já vai em doze trabalhadores, além dos 800 veículos importados, na sua maioria a combustão.

Ainda assim, uma das grandes novidades é a aposta que os seus clientes têm feito para serem mais ‘amigos do ambiente’. A empresa importou mais de 350 veículos híbridos e elétricos desde 2022 e prevê aumentar o número para 750 carros de energia limpa até ao fim do ano. Só a importação deste tipo de automóveis pode levar a uma poupança de seis mil euros a um particular.

O Jornal Económico falou com António Eça, managing partner e um dos três fundadores da empresa, que se juntou a Pedro Líbano Monteiro e Afonso Pinheiro.

Como se começa uma startup de importação de veículos quando os portugueses podem fazê-lo ao navegar na internet?

A história da Importrust teve início numa conversa espontânea entre o Pedro Líbano Monteiro e o Afonso Pinheiro, partners da Importrust, para irem à Alemanha, onde adquiriram os primeiros dois veículos da empresa: um Smart Fortwo e um BMW Série 1. Mais tarde, acabei por me juntar a esta aventura porque já vendia carros de familiares e amigos.

Com essa viagem, em julho de 2018, percebemos que trazer carros do estrangeiro para vender em Portugal não era a melhor forma de servir os clientes e que limitava significativamente as opções disponíveis. Por isso, optámos por criar um serviço altamente personalizado e customizado às necessidades de cada pessoa e é aí que nos diferenciamos das demais soluções que os clientes podem encontrar ao navegar na internet. Identificámos que as pessoas não importavam carros devido à falta de confiança nos concessionários do estrangeiro e nos vendedores portugueses, e por isso, decidimos estabelecer um serviço totalmente transparente. Além disso, percebemos que a maioria das pessoas procurava carros na internet, mas ainda tinha de se deslocar fisicamente para efetuar a compra. A respostas estava em criar um serviço totalmente digital – nasceu assim a Importrust.

Este modelo de compra automóvel tem seduzido os portugueses?

Sim, este modelo tem provado ser muito interessante para os portugueses, que são 90% do nosso público, nesta fase. Desde o início da empresa, em 2018, já tivemos mais de 25 mil contactos e vendemos mais de mil carros. Mas o número fica realmente mais interessante quando 800 destes foram desde 2021. Foi nesta altura que a empresa se tornou mais profissional, expandimos e crescemos a equipa.

Os carros novos e carros usados viram o seu preço aumentar no último ano. De que forma compensa a importação?

Em primeiro lugar, compensa porque operamos em mercados distintos dos negócios tradicionais de venda de carros usados, que apenas têm acesso à pool de carros que estão em Portugal. A Importrust opera num mercado europeu, 80 vezes maior, com uma ampla gama de opções de compra e configurações personalizadas, pelo que conseguimos contornar os stands automóveis que têm stocks limitados, longas esperas para entrega das viaturas, e não conseguem dar resposta a pedidos customizados.

De um ponto de vista financeiro, é também mais barato recorrer à importação do que à compra no mercado nacional. Já poupámos mais de quatro milhões de euros aos nossos clientes, apenas ao optar por carros idênticos aos que são vendidos no mercado nacional mas que fomos buscar a outros países. Normalmente, a poupança é de 30 a 40% para particulares, face à compra em mercado nacional. A importação compensa em tempo e em dinheiro.

Quais as principais diferenças entre o mercado automóvel nacional e internacional?

A Importrust oferece aos seus clientes a possibilidade de escolher entre um mercado mais abrangente, que é o mercado internacional face ao nacional. Por exemplo, enquanto em Portugal apenas se encontram disponíveis quatro unidades do VW Golf azul escuro com assentos bege, no mercado europeu existem 400 unidades para venda, permitindo-nos atender às preferências individuais de cada cliente de forma mais ampla.

Só importam automóveis da Europa/União Europeia?

Importamos de todos os países do mundo, apesar de as maiores vantagens serem para países europeus.

Quais as principais diferenças entre a Importrust e um concessionário que também recorra à importação?

O facto de estarmos a profissionalizar o sector de importação automóvel, um sector que tradicionalmente é conhecido por ser pouco sofisticado, (e que existe há vários anos pelas mãos de alguém conhecido que vai diretamente à Alemanha ou a outro país buscar os carros, e que os conduz até Portugal para entregar em mão ao novo proprietário, que tratará do processo de legalização), faz com que estejamos a contornar esta concorrência mais informal. Entregamos os carros com o processo de legalização completo, manutenção feita e 100% chave na mão, muitas vezes sem nunca ter estado presencialmente com o cliente, pelo cariz digital do processo, que não é o caso de outros concessionários que também recorram à importação.

A Importrust tem como missão oferecer um serviço rápido, transparente e personalizado, proporcionando apoio completo em todas as etapas do processo, para garantir que cada cliente concretize o seu negócio sem preocupações burocráticas ou logísticas.

Qual o tempo médio de entrega do veículo ao dono?

Graças à nossa abordagem dedicada, os clientes podem contar com um prazo de entrega significativamente reduzido, obtendo o seu carro em apenas 30 dias, em comparação com o período típico de espera de 6 a 12 meses ao comprar em stand.

Os portugueses continuam a dar primazia aos veículos a combustão? Que tipo de automóveis mais têm importado?

A importação de carros elétricos em Portugal está em constante aumento e isso deve-se maioritariamente a uma maior consciencialização dos utilizadores pelas questões ambientais e pelas inúmeras vantagens que este tipo de carros apresenta.

No entanto, continua a ser o motor de combustão o principal eleito na compra de um próximo carro. O tipo de carro que mais importamos é o Mercedes Classe C.

Que tipo de poupança é que estão a garantir a quem usa os vossos serviços? O que não tem de pagar um cliente quando compra com a Importrust?

Na Importrust não há extras ocultos nem condições nas entrelinhas. Todos os valores e processos são apresentados de forma clara e transparente ao cliente, permitindo que este tome decisões informadas e opte pela melhor solução para si, eliminando qualquer surpresa no final do processo e garantem que esse é o montante efetivamente pago no final para obter o veículo pronto a circular.

A grande poupança está mesmo no valor do carro, que é 30 a 40% mais baixo no mercado internacional do que nos stands portugueses, porque a oferta é muito maior no estrangeiro. A diferença de preço é influenciada por vários fatores, incluindo a carga fiscal, os custos de produção e as margens de lucro praticadas pelas marcas nacionais.

Qual a maior poupança que já garantiram a um cliente?

A maior poupança foi de 25 mil euros num Volvo XC90.

Como é feita a entrega do automóvel, sendo que é tudo tratado através do site?

A entrega do automóvel é combinada com o cliente, sendo que a Importrust se responsabiliza pelo carro desde o momento em que este sai do stand até ser entregue nas mãos do cliente. Apostamos num serviço digital, que veio revolucionar o sector da importação automóvel, que é tradicionalmente menos sofisticado e marcadamente “físico”, enquanto que a nossa estratégia é 100% digital e 99% dos clientes apenas se encontra connosco no dia da entrega do carro.

Com quantas pessoas já fecharam negócio? Quantas voltam a recorrer ao serviço?

Nos primeiros seis meses depois de termos alinhado a estratégia de modelo de negócio, ainda em 2018, conseguimos entregar 150 carros. Desde 2021 já efetuamos 800 serviços. A taxa de retorno não é muito alta, uma vez que falamos de um produto que tendecialmente é adquirido de x em x tempo, e não é algo de consumo rápido. No entanto, temos clientes que regressam e nos indicam pelo bom serviço prestado.

No Startup Lisboa Pitch Green falavam em internacionalizar o negócio em 2024. Estão a preparar novos voos? Para onde?

Nos planos para o futuro, para 2024, está o crescimento e expansão do negócio, e a internacionalização. Os voos ponderam ser para mercados como Espanha, Itália, Grécia, Pólonia e Hungria, pois tentaremos expandir para mercados parecidos com o português, onde existe alta carga fiscal sobre os automóveis.

No mesmo evento falavam também do lançamento do primeiro fundo de investimento automóvel até ao final deste ano. Qual o ponto de situação?

Um dos principais objetivos da Importrust é lançar o primeiro fundo de investimento automóvel até ao final do ano de 2023. Este fundo será uma oportunidade única para os investidores se envolverem no mercado automóvel, permitindo o financiamento de projetos relacionados com a importação e venda de veículos.

Esta iniciativa reflete a visão inovadora e empreendedora da empresa, que procura constantemente novas formas de oferecer serviços e soluções aos clientes. Já temos vários clientes que demonstraram interesse neste modelo, de modo a diversificarem os seus investimentos, numa área em que existe oportunidade de negócio. Para já, ainda não podemos revelar mais detalhes, mas esperamos ter notícias em breve.

Além dos três fundadores, quantas trabalhadores têm?

Atualmente, a Importrust conta com uma equipa de doze pessoas, mas começou apenas com os três partners. Eu juntei-me ao Pedro Líbano Monteiro e ao Afonso Pinheiro em 2018 para fundar a empresa, depois deles terem ido buscar os primeiros dois carros à Alemanha, mas só em 2021 me dediquei a full-time.

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