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‘Impostor do Tinder’ foi banido da app depois de roubar 10 milhões, mas está sem dívidas ou cadastro

O novo documentário da Netflix revela a história de Simon Leviev, que roubou mais de 10 milhões de dólares a mulheres que conhecia pelo Tinder. Ao contrário delas, Simon está sem dívidas — e fora da prisão. As três vítimas entrevistadas continuam a pagar e já contam com mais de 82 mil euros na página de angariação de fundos que criaram.
10 Fevereiro 2022, 14h41

“Acho que todos adorariam conhecer alguém num bar ou num supermercado.  Mas, atualmente, a melhor forma de conhecer alguém é numa aplicação”, é o mote do novo documentário da Netflix sobre o vigarista do Tinder que roubou mais de 10 milhões de dólares a mulheres que conhecia pela app, de onde entretanto foi banido. Ao contrário delas, Simon Leviev ou Shimon Hayut está sem dívidas — e fora da prisão.

Fingiu ser filho de Lev Leviev, o “rei dos diamantes” e CEO do grupo LLD Diamonds. Conquistou dezenas de mulheres com o seu charme e estilo de vida megalómano, mas as viagens e saídas de luxo não tiveram um final feliz. Roubou as namoradas, que se uniram para o derrubar. Depois de investigado, foi preso e mais tarde libertado.

Cecilie Fjellhoy, Pernilla Sjöholm e Ayleen Charlotte, são três das vítimas do golpe e narram os acontecimentos à Netflix. O israelita já disse, na segunda-feira, que vai divulgar a sua versão da história, depois de ter recusado participar no documentário.

“Claro que procuras no Google as pessoas com quem vais ter de te encontrar”, dizem as mulheres no início dos seus depoimentos. O problema é que Shimon, sob o nome de Simon Leviev, era um profissional: tinha centenas de fotografias nos mais diversos contextos — viagens, festas, reuniões — e com as mais diversas pessoas, milhares de seguidores, uma vida de luxo e de trabalho internacional.

Depois de começar a falar com os pares, marcava imediatamente encontro num sítio caro, aparecia e encantava. Apresentava o guarda-costas (um figurante contratado) e até a “ex-mulher” (que era afinal outra vítima dos seus esquemas).

A partir daí, trocava mensagens — escritas e por áudio — constantemente em que mandava a sua localização. Com relação estabelecida e projetos de futuro, começava a alegar que o negócio dos diamantes era perigoso e que recebia ameaças à sua segurança, enviando provas fotográficas em que fingia receber ramos fúnebres e cartas com balas de pistolas lá dentro.

Depois de enviar vídeos em que mostrava o ataque ao guarda-costas, que lhe tinha salvado a vida, argumentava que não podia utilizar os seus cartões de crédito, pois corria o risco de serem rastreados e pedia à namorada para utilizar o cartão dela, obrigando-a a contrair empréstimos e enterrar-se em dívidas.

Em concreto, esta foi a história de Cecilie, mas estratégias semelhantes foram usadas para todas as mulheres apanhadas neste esquema, quer se tenham envolvido com ele romanticamente ou não. As três vítimas entrevistadas para o documentário continuam a tentar pagar as dívidas que contraíram enquanto julgavam estar a ajudá-lo e já contam com mais de 82 mil euros na página de angariação de fundos que criaram.

Foi uma investigação jornalística da norueguesa “VG” que desvendou a sua verdadeira identidade e contou a sua história que, segundo o “Observador”, já tem mas de 11 anos: fugiu de Israel, em 2011, quando era procurado por roubo, falsificação e fraude, já depois de ter enganado uma família nos Estados Unidos a quem roubou cerca de 32 mil euros em 2008. Foi para a Finlândia, onde acabou condenado a dois anos de prisão em 2015 porque enganou três mulheres.

Até à data, segundo as autoridades, no total terá roubado mais de 10 milhões de dólares (cerca de 8,8 milhões de euros), que as vítimas ainda estão a pagar. Apesar de ter tido vários processos em vários países e de ter estado atrás das grades por causa de várias fraudes, só depois de o documentário se estrear na Netflix é que o Tinder o baniu da app.

“Fizemos uma investigação interna e Simon Leviev já não está ativo no Tinder sob nenhum dos seus pseudónimos conhecidos” anunciou, no dia 4 de fevereiro, a empresa através de um comunicado citado pelo “The Wall Street Journal”. O israelita ainda proibido de usar os sites e aplicações de encontros do MatchGroupInc., o Match.com, Plenty of Fish, Dobradiça e OkCupid.

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