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Incêndios: Penacova considera impossível limpar faixas florestais até dia 15

A Câmara de Penacova considera impossível realizar até dia 15 a limpeza total da floresta no concelho, apesar dos esforços financeiros e humanos para cumprir a lei e dar o exemplo aos munícipes.
3 Março 2019, 12h11

Os incêndios de 2017, que originaram a morte de pelo menos 116 pessoas, três delas em Penacova, “obrigam a olhar para esta matéria de uma forma que não se olhava antes”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara, Humberto Oliveira.

A autarquia de Penacova, no distrito de Coimbra, estima que seriam necessários “entre dois a três milhões de euros” para a cumprir na totalidade as responsabilidades que a lei lhe impõe nesta área.

“É uma impossibilidade”, sublinhou o autarca do PS, retomando algumas das ideias partilhadas, no dia 23 de fevereiro, com o ministro da Administração Interna, numa reunião que Eduardo Cabrita teve com autarcas dos 19 municípios que integram a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra.

Em 2018, com financiamento europeu, através do Programa Operacional de Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR), a Câmara optou por limpar sobretudo as faixas de gestão de combustível junto às vias de comunicação da rede primária.

Com meios exclusivamente da autarquia, este ano concentra esforços na limpeza das faixas de dez metros das estradas da rede secundária e em redor dos polígonos industriais.

Para o efeito, o município de Penacova dispõe de uma unidade de cinco elementos dos Sapadores Florestais, com uma viatura, que fazem parte da brigada que opera habitualmente na Serra do Buçaco e que serve também os concelhos vizinhos de Mortágua e Mealhada, nos distritos de Viseu e Aveiro, respetivamente.

“É impossível cumprir com todas as limpezas antes de 15 de março, mas vamos continuar”, dentro do possível, afirmou Humberto Oliveira.

A Câmara “tem outras intervenções neste âmbito”, que passam pela gestão de combustível em diferentes espaços do domínio público municipal, como o Parque Verde e a Livraria do Mondego, nas quais prevê gastar este ano cerca de 50 mil euros, com recurso a serviços externos.

Ao abrigo dos acordos de execução com as juntas de freguesia, o município reserva 200 mil euros para trabalhos que incluem a limpeza de faixas das vias municipais.

Ainda do orçamento de 2019, paga mais 200 mil euros à Associação de Desenvolvimento Regional Serra do Açor (ADESA), que reúne também os municípios de Arganil, Góis, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra e Tábua, cujo parque de máquinas, “apesar de envelhecido, assegura a beneficiação de caminhos florestais, além de estar sempre disponível” para apoiar o dispositivo de combate a incêndios.

“Até 15 de março, vamos tentar fazer o máximo. Mas não vai ser possível atingir os objetivos” previstos na lei, admitiu Humberto Oliveira.

Entretanto, foi encetado o processo de revisão do Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios, que deverá estar “concluído ainda este ano”.

Por outro lado, têm decorrido em diferentes povoações as ações de sensibilização das populações organizadas pela GNR.

“Existe sensibilidade dos particulares, mas há ainda muito trabalho para fazer”, sublinhou o presidente da Câmara, encarando estas intervenções como um “importante contributo” para minimizar a propagação dos fogos, não para a impedir por completo nos casos em que estes assumem maior violência.

Na zona de Penacova, exemplificou, a barragem da Aguieira, no rio Mondego, “é a maior faixa de gestão de combustível e não segurou o incêndio”, que começou no concelho da Lousã.

Os incêndios que eclodiram em Pedrógão Grande e na Lousã, distritos de Leiria e Coimbra, nos dias 17 de junho e 15 de outubro de 2017, respetivamente, devastaram extensas áreas de floresta.

Entre a população, o fogo de junho originou 66 mortos e mais de 250 feridos, enquanto no de outubro perderam a vida 50 pessoas, três das quais em Penacova, e cerca de 70 ficaram feridas.

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