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Incêndios: Que Estado temos e que Estado queremos?

Precisamos de uma classe política determinada e que seja capaz de se entender quanto às questões fracturantes do nosso país, como a reforma do Estado, a sustentabilidade da Segurança Social e das Finanças Públicas, uma verdadeira política de apoio à geração de postos de trabalho e de criação de riqueza por parte das nossas empresas, assim como de uma política “à séria” de atracção de investimento directo estrangeiro.
14 Setembro 2018, 07h15

Neste Verão repetiu-se novamente a “chaga” dos incêndios em Portugal, sendo o mais grave os incêndios de Monchique com 44 feridos (um em estado grave), mais de 20 casas ardidas, 21.300 hectares ardidos no concelho (basicamente foram quatro vezes mais do que a área ardida em Portugal inteiro entre 1 de Janeiro a 15 de Julho), 40 quilómetros de linha eléctrica da EDP destruída (com 5 localidades sem abastecimento de energia eléctrica).

Segundo o Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, Monchique era o concelho “com maior risco de incêndio que desde 2003 estava a acumular vegetação sem que ninguém tivesse tomado medidas de limpeza da floresta”. O que foi mais chocante foi o Primeiro-Ministro, António Costa, perante esta calamidade, ter considerado a operação dos incêndios em Portugal “um sucesso”.

Ora, uma das funções primordiais do Estado é assegurar a segurança de pessoas e bens, e verificamos, através dos números dos incêndios de Monchique, que falhou novamente nesta sua responsabilidade, e classificar este ano como “um sucesso” constitui um desrespeito perante todos os portugueses, o que não poderá, em caso algum, ser tolerado ou aceite pela Sociedade Portuguesa.

Há já muito tempo que o Estado Português falha e demite-se das suas responsabilidades em questões fundamentais para os seus cidadãos, como a segurança (ainda agora aqui na Madeira o Estado, novamente, não aceitou suportar os custos do helicóptero de combate aos incêndios deixando a RAM à sua sorte), educação (com a desmotivação dos professores e um sistema de ensino obsoleto), o estado calamitoso da nossa saúde, a tolerância perante um fenómeno massificado de “baixas” médicas fraudulentas (em que quem paga é o contribuinte), períodos enormes de subsídios de desemprego (em que quem paga é o contribuinte, e que os desempregados chegam a recusar empregos oferecidos sem qualquer tipo de consequência) e chega a altura das eleições fazem-se investimentos malucos e tenta-se “dar tudo a toda agente” e depois logo se vê… Assim, temo que o nosso país e as gerações vindouras dos nossos filhos e netos, nunca mais possa sair da “cepa torta”.

Precisamos de uma classe política determinada e que seja capaz de se entender quanto às questões fracturantes do nosso país, como a reforma do Estado, a sustentabilidade da Segurança Social e das Finanças Públicas, uma verdadeira política de apoio à geração de postos de trabalho e de criação de riqueza por parte das nossas empresas, assim como de uma política “à séria” de atracção de investimento directo estrangeiro.

Quando exista um Governo Português que cumpra patrioticamente o seu dever e atinja estes objectivos, estes sim, absolutamente determinantes para Portugal, aí sim, não hesitarei em classificar essa operação como um “sucesso”. Até lá, lamento dizer que só continuamos apenas a ver o trabalho das agências de comunicação, “chincana política” e eleitoralismo barato do Governo Nacional e uma sociedade civil portuguesa que se encontra, infelizmente, confortavelmente adormecida pelos smartphones e redes sociais e que até agora não tem reivindicado pelos seus interesses e pela sua qualidade de vida. Merecemos mais!

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