O sistema de geração de créditos hídricos está a ser implementado em Portugal pela primeira vez pela Indaqua, uma das maiores empresas nacionais de abastecimento de água e tratamento de águas residuais.
Para isso, a empresa responsável pela operação e manutenção da ETAR de Matosinhos associou-se à Hypercube, empresa suíça especializada em Finanças Regenerativas, que já gerou, por todo o mundo, vendas de créditos hídricos no valor de 65 milhões de euros e que chega pela primeira vez a Portugal.
As águas residuais reutilizadas na ETAR de Matosinhos estão a ser convertidas em créditos tokenizados os primeiros já foram comercializados. Em apenas dois dias, foram emitidos os primeiros 122 créditos, correspondentes a 122 m3 de água reutilizada.
Os créditos podem ser adquiridos por empresas que, não conseguindo reduzir o consumo de água, queiram compensá-lo para diminuir a pegada hídrica.
A compra destes créditos (a procura) é especialmente apetecível para indústrias consumidoras intensivas de água, que podem, por esta via, compensar a sua pegada hídrica. A nível global, existem, inclusivamente, empresas que ambicionam ser “water positive”, isto é, recuperar mais água do que aquela que consomem. Para eles, este mercado pode ser essencial.
O resultado da venda dos tokens é encaminhado para as entidades emissoras, aumentando assim as condições económicas para que seja reinvestido em tecnologia, infraestruturas, equipamentos e melhoria de processos em áreas como a reutilização de águas residuais.
O exemplo vem dos créditos de carbono, cuja compra, voluntária ou obrigatória, já é utilizada para compensar emissões de gases com efeito de estufa. Replicando a ideia para o setor da água, os créditos são uma forma de incentivar a eficiência hídrica, reduzindo o consumo deste bem escasso.
Pedro Perdigão, CEO do Grupo Indaqua, explica que “este sistema responde àquele que tem sido um dos desafios centrais: fazer com que os serviços e água e saneamento deixem de ser apenas consumidores de recursos e passem a gerar valor”.
“Na nossa sociedade o recurso água é muito desvalorizado, pelo que todas as iniciativas que, atribuindo-lhe valor económico, permitam e incentivem comportamentos sustentáveis devem ser apoiadas. A ecologia e a economia não devem estar de costas voltadas. Se a primeira é para preservar para as gerações futuras, a segunda depende apenas de nós”, acrescenta.
“Este processo tem vantagens para ambas as partes. Para quem compra créditos de água, há uma forma efetiva de contribuir para a melhoria ambiental, com investimentos na infraestrutura hídrica de Portugal, ao utilizar os créditos hídricos como uma forma transparente de compensação ambiental, em linha com as ODS da ONU e com todas as principais regulamentações ESG internacionais, como a GRI e a CSRD europeia. Para as empresas de saneamento, por outro lado, há o reconhecimento das suas boas práticas ambientais e um incentivo económico adicional para reutilizar a água e expandir as operações de águas residuais”, explica Matheus Ferreira, responsável da Hypercube para os países da CPLP.
O gestor congratula-se por “abrir o mercado local com um parceiro como a Indaqua, sendo Portugal um país-chave entre os países da CPLP, abrindo caminho para o Brasil, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e outros governos que estão a trabalhar na adoção do crédito hídrico”.
Entre os objetivos da empresa já está o alargamento deste sistema. Depois de estabelecido o projeto pioneiro na ETAR de Matosinhos, uma das maiores em território nacional, a empresa quer valorizar também a água reutilizadas noutras ETAR que opera em vários concelhos do norte do país.
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