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“Estratégia de desenvolvimento industrial em Portugal precisa de ser bem acompanhada”, alerta diretor-geral do CENTIMFE

Rui Tocha defende que a Europa está a viver um período de grande transformação na área industrial e fala em “hipocrisia” no processo de sustentabilidade europeu, quando a maioria das matérias-primas importadas chegam da China. “Ninguém mede a pegada de carbono desses produtos, em lado nenhum”, afirma.
19 Março 2025, 12h30

“A indústria de moldes corre o risco de desaparecer da Europa”. O alerta foi dado por Rui Tocha, diretor-geral do Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos (CENTIMFE) na terceira conferência do ciclo Rota do Crescimento organizada pelo JE que decorre esta quarta-feira, em Leiria.

“Sem a indústria de moldes, não há produtos. Esta é uma indústria altamente tecnológica, que tem impactos muito significativos em todos os setores que conhecemos e esta corre o risco de desaparecer da Europa, que está a viver um período de grande transformação”, afirmou, assumindo ter ficado “desanimado” com o que viu recentemente na Alemanha. “Está a ficar sem indústria e a Alemanha é o motor da Europa na área industrial”, realçou.

O responsável considera que há uma hipocrisia da Europa em relação ao tema da sustentabilidade, face aos produtos que são importados do Oriente.

“Andamos a medir os padrões do consumo energético, a pegada de carbono etc, mas a realidade é que as matérias-primas que nós importamos chegam em grande parte do Oriente. E ninguém mede a pegada de carbono desses produtos, em lado nenhum. Estamos a ser completamente hipócritas no ponto de vista do desenvolvimento e crescimento da nossa economia europeia”, sublinhou.

No caso de Portugal, o diretor-geral do CENTIMFE acredita que existe uma estratégia de desenvolvimento industrial, mas questiona se as políticas de apoio a esta estratégia estão a ser bem acompanhadas. “Há instrumentos que estão a ser usados nesse sentido, mas até que ponto estamos a ser capazes de desenvolver a oferta nacional para potenciar no mercado internacional”, disse.

Para Rui Rocha, a indústria dos moldes é infraestruturante, mas sente muita dificuldade em explicar isso aos políticos, porque estes normalmente entendem por exemplo a indústria automóvel, que são os carros, a aeronáutica, os aviões, mas são os moldes que estão na base da generalidade dos produtos que conhecemos.

“A indústria de moldes no mundo inteiro tem em média 20 trabalhadores nas empresas e não é por isso que deixam de ser competitivas. E quando nós dizemos que as empresas têm de ser grandes, e as PMEs têm de crescer, o discurso que nós ouvimos muitas vezes é que nalguns setores isto não é verdade, porque as empresas perdem competitividade”, referiu.

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