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Indústria europeia continua deprimida no arranque do segundo semestre

Os índices de gestores de compras (PMI) de agosto continuam a apontar para uma deterioração do sector industrial europeu, um cenário que se verifica há mais de dois anos. As novas encomendas caíram ao ritmo mais rápido deste ano e os custos intermédios continuam a subir, arriscando nova pressão sobre a inflação.
3 Setembro 2024, 07h30

A indústria da zona euro permanece numa situação de recessão, isto apesar da ligeira melhoria na leitura do índice de gestores de compras (PMI) do sector, que deixou a leitura de agosto sem alterações em relação ao mês anterior. A Alemanha continua a ser o ‘parente pobre’ da moeda única, embora a deterioração em agosto tenha atingido todas as maiores economias do bloco à exceção da italiana.

O PMI industrial da zona euro manteve-se em 45,8 em agosto, uma leitura igual à do mês passado, mas apenas após uma revisão em alta por 0,2 pontos. Este valor é consistente com uma diminuição da atividade no sector, um cenário que se verifica há mais de dois anos, um sinal claro da seriedade dos problemas do sector secundário europeu.

Por país, apenas Itália registou uma melhoria do seu subíndice, embora insuficiente para colocar a indústria do país numa rota de crescimento da atividade, com uma leitura de 49,4 depois dos 47,4 do mês anterior. Em sentido inverso, Espanha, França e Alemanha viram os seus subindicadores deteriorarem-se, embora em situações distintas.

Em Espanha, o índice permanece o mais elevado entre a principais economias europeias, apesar de agosto ter trazido uma descida de 51,0 pontos para 50,5. Já em França, a revisão em alta entre a estimativa rápida e a leitura desta segunda-feira foi insuficiente para colocar o indicador em terreno positivo, tendo caído de 44,0 em julho para 43,9 em agosto.

Finalmente, a Alemanha regista um mínimo de cinco meses para o subindicador (também este revisto em alta de 42,1 para 42,4), o que espelha a deterioração do sector industrial na maior economia europeia.

No detalhe, as novas encomendas às empresas europeias voltaram a cair em agosto e ao ritmo mais elevado deste ano – o que também se traduziu no ritmo mais rápido de redução dos entupimentos nas cadeias de fornecimento. Mesmo assim, a produção das fábricas continuou a cair, com as empresas a reportarem expectativas em queda para o próximo ano.

Por outro lado, os preços continuam a subir, tanto do lado dos consumos intermédios, como nas expectativas relativamente a preços de venda. Isto, argumenta a Pantheon, constitui novo risco ascendente ao perfil da inflação na zona euro, que tem vindo a ser sustentado sobretudo pelo lado dos serviços, mas pode experienciar nova pressão do lado dos bens.

Ainda assim, os PMI têm “subestimado o crescimento da indústria nos últimos trimestres, pelo que há dúvidas se esta cairá tanto no terceiro trimestre como o indicador sugere”, alertam os analistas do think-tank britânico, mas a recessão na indústria deverá ser uma inevitabilidade.

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