Apesar da crescente sensibilidade dos consumidores ao preço, o luxo continua a destacar-se como um dos segmentos mais resilientes da indústria da moda, beneficiando sobretudo da recuperação do turismo internacional, da solidez do consumo e do dinamismo de mercados-chave como a Europa, o Japão, a Índia e os Estados Unidos.
De acordo com um estudo da consultora Bain&Company, a indústria mundial de artigos de luxo deverá registar um crescimento entre 3% e 5% em 2026, após a estagnação verificada neste ano. No entanto, o ambiente permanece frágil e a consultora alerta que os aumentos persistentes nos preços tornaram as marcas de moda de luxo inacessíveis.
“Não podem dirigir-se apenas aos clientes de topo. Eles também estão a começar a ficar realmente descontentes e a sentir-se traídos nesta indústria”, disse Federica Levato, sócia da Bain, citando aumentos de preços que contrastam com uma perceção de falta de criatividade. “Algumas marcas podem ter percebido que cometeram erros, mas a maioria pensa que os pode corrigir com mais criatividade. Assim, aumentar o nível de criatividade mantendo os preços atuais, na nossa opinião, não será suficiente.”
A base de clientes de luxo diminuiu para cerca de 340 milhões de pessoas em 2025, face a 400 milhões em 2022, e deverá perder mais 20 a 30 milhões de clientes, de acordo com o estudo elaborado com a associação italiana da indústria do luxo, a Altagamma. Mesmo os maiores consumidores mostram sinais de cansaço. Embora representem atualmente cerca de 46% a 47% do mercado de bens pessoais de luxo, de 358 mil milhões de euros, a sua despesa estagnou este ano, concluiu o estudo.
Apesar dos desafios, as ações do setor do luxo recuperaram nos últimos meses, com o índice Stoxx Luxury 10 a subir 19% face aos mínimos de abril, impulsionado pelos resultados do terceiro trimestre da LVMH, da Burberry e da Richemont, a mostrar uma melhoria do sentimento dos consumidores, em especial na China.
Tendências
Dentro do universo do luxo, algumas categorias apresentam comportamentos distintos em termos de crescimento e relevância. Segundo o relatório The State of Fashion 2025, elaborado pela consultora McKinsey, a moda e os acessórios de luxo mantêm-se como o maior segmento em valor absoluto, mas registam um crescimento mais moderado. A beleza surge como um dos segmentos de expansão mais rápida. Produtos como a cosmética e os perfumes desempenham um papel estratégico por funcionarem como porta de entrada para o universo das marcas de luxo, atraindo consumidores aspiracionais.
A joalharia e os relógios de luxo também apresentam uma dinâmica positiva, sustentada pela perceção destes bens como investimentos de valor duradouro. O crescimento nesta categoria é impulsionado pela procura nos mercados asiáticos, onde o peso cultural da joalharia, aliado ao crescimento da população. reforça a sua relevância.
Os pequenos artigos de couro e as malas de luxo mantêm-se como produtos populares, mas enfrentam maior pressão tanto de novas marcas como da proliferação de imitações. Ainda assim, continuam a desempenhar um papel central na estratégia das casas de luxo, funcionando como símbolos de identidade e desejo.
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