Portugal pagou esta quarta-feira uma taxa de alocação de 0,639% para emitir 625 milhões de euros em Obrigações do Tesouro (OT) a 10 anos, estabelecendo um novo mínimo histórico ao conseguir pela primeira vez uma yield abaixo de 1% para vender dívida benchmark.
Num leilão duplo, o IGCP – Agência de Gestão de Tesouraria e Dívida Pública emitiu ainda 625 milhões de euros em OT a 15 anos, tendo pago uma taxa de alocação de 1,052%.
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“É mais um leilão positivo e com taxas muito abaixo do custo médio da dívida nacional.”referiu Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa, sublinhando que “Portugal continua a estabelecer recordes, com novos mínimos históricos atingidos no que paga pela sua dívida de longo prazo”.
O leilão duplo ocorre numa altura em que Portugal tem renovado mínimos nas taxas de juro. No último leilão comparável, Portugal emitiu 800 milhões em dívida a 10 anos, com uma taxa de alocação de 1,059% e pagou 1,563% para emitir 450 milhões de euros de OT a 15 anos.
No mercado secundário a yield da dívida soberana portuguesa a 10 anos tem caído a pique este ano: negociava esta quarta-feira nos 0,647%, o que compara com os 1,72% no início do ano.
Bancos centrais mais defensivos
Os resultados económicos e as melhorias no rating soberano têm contribuído para a melhoria da percepção dos investidores sobre as OT portuguesas. No entanto, os fatores externos também têm ajudado. A guerra comercial tem levado a receios sobre o abrandamento do crescimento da economia mundial e obrigado os principais bancos centrais a carregar no botão de ‘pausa’ na normalização da política monetária.
Na semana passada Jerome Powell, presidente da Reserva Federal, disse que o banco central dos EUA está pronto a agir de forma apropriada para sustentar a expansão, algo que os investidores interpretaram como sinal de que um corte na federal funds rate poderá estar próxima. Na quinta-feira, o Banco Central Europeu disse que vai manter as taxas de juro na zona euro em mínimos históricos pelo menos por mais um ano e Mario Draghi até admitiu que alguns membros do Conselho de Governadores falaram sobre um corte nas taxas.
Segundo Filipe Silva, do Banco Carregosa, “a postura dos bancos centrais têm sido mais defensiva, com receios de um abrandamento económico ou possível recessão”.
“Estes fatores têm levado as taxas das dívidas soberanas para valores mais baixos, Portugal não foge à regra e vê neste momento as suas taxas em mínimos históricos”, concluiu o gestor do Banco Carregosa.
[Atualizada às 11h44]
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