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Inflação afugenta touros

As tecnológicas são o sector mais prejudicado com uma eventual subida dos juros. A subida do custo das matérias-primas poderá ser um ajustamento transitório.
  • Jason Reed/Reuters
11 Maio 2021, 10h35

Com 439 das empresas que compõem o S&P500 a já terem divulgado os seus resultados e com uma taxa de surpresas positivas na ordem dos 87%, o catalisador de Wall Street está longe de ser a earnings season, mas sim aquilo que desde o início do ano começou a ser a principal dor de cabeça dos investidores, os juros.

Juros que estão fortemente ligados ao tema da inflação, pois é esse o tópico que faz mover a agulha da política monetária dos bancos centrais, nomeadamente da Reserva Federal, aquele que mais mexe com o mercado, e que tem vindo a trabalhar intensamente no sentido de tentar tranquilizar os investidores de que o tema da inflação está controlado, ou seja, prevê-se que vai disparar para um valor acima do ideal, mas será um movimento transitório, devido à montanha de estímulos fiscais injectada pelo governo dos EUA, bem como à reabertura da economia.

A questão é que existe uma variável pouco comum que influencia substancialmente a inflação e sobre a qual o banco central não tem controle nem grande poder de previsão, como a subida do custo das matérias-primas, que assustou ontem os touros de Wall Street provocando uma forte pressão vendedora no Nasdaq, uma vez que as tecnológicas são o sector mais prejudicado com uma eventual subida dos juros.

Uma métrica importante para o mercado são as expectativas de inflação medidas pelas Treasury Inflation-Protected Securities, que subiram para um máximo de dez anos nos 2,73%, respeitantes às previsões para os próximos cinco anos, indiciando um nível bem superior ao “normal” para o aumento do custo de vida.

Curiosamente, esta segunda-feira, Charles Evans, presidente da Reserva Federal de Chicago, abordou o tópico da subida do custo das matérias-primas referindo que considera tratar-se de um ajustamento transitório e que não o incomoda a possibilidade de a inflação subir para os 2,5%, desde que exista uma média de 2% num período prolongado de tempo.

Resumindo, existe uma incógnita a pairar no ar. Até onde irá e durante quanto tempo vai a inflação manter-se acima dos 2% é uma pergunta que ninguém pode prever com um elevado grau de certeza, o que no mercado se poderá traduzir em movimentos mais agressivos como o de segunda-feira, sendo que para já os fundamentos para uma tendência ascendente continuam a ser prevalentes.

O gráfico de hoje é da Apple, o time-frame é semanal.

 

 

A gigante tecnológica pode estar prestes a efectuar um padrão de Head&Shoulders, que a ser validado indicia uma possível correcção significativa.

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