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Inflação dita máximos das bolsas

O número favorável do índice de preços no consumidor nos Estados Unidos, referente a abril, impulsionou as ações para novos máximos históricos.
17 Maio 2024, 09h07

Após três meses de uma inflação no consumidor norte-americano acima do esperado, de janeiro a março, inquietando os investidores, culminando também na correção dos mercados acionistas em abril, o número favorável do índice de preços no consumidor nos Estados Unidos (EUA), referente a abril, impulsionou as ações para novos máximos históricos.

No final do ano passado, os investidores aguardavam entre seis a sete cortes das Fed Funds Rate este ano, facto que associado ao bom desempenho económico dos EUA, suportou uma tendência de alta desde o final de outubro. Desde essa altura, os investidores anteciparam um cenário goldilocks, uma economia resiliente, tendo crescido 4,9% no terceiro trimestre e 3,4% no último trimestre do ano passado, e uma desaceleração da inflação. Ou seja, menos inflação e mais economia, o melhor cenário para a valorização das ações.

Todavia, dados preliminares mostraram um crescimento do PIB no primeiro trimestre deste ano de apenas 1,6%. O ISM dos serviços em abril fixou-se em 49,4 pontos, abaixo de 50 pela primeira vez desde dezembro de 2022, e os dados industriais publicados pelo ISM também foram fracos, de 49,2 pontos. A taxa de desemprego nos EUA, que atingiu o mínimo dos últimos 55 anos nos 3,4% em abril de 2023, fixou-se em 3,9% em abril passado, o valor mais elevado desde janeiro de 2022.

As autoridades da China têm apostado no crescente aumento da sua capacidade industrial, fazendo jus ao seu reconhecimento como a ‘fábrica do mundo’, afastando-se de um reforço do investimento no imobiliário chinês, ficando-se apenas pelo seu resgate, talvez influenciadas pela experiência dos EUA na década de 2000, após descida das taxas de juro da Reserva Federal de 6,5% para 1% para mitigar a crise das dotcom, grande parte do dinheiro haveria por ser investido na habitação, culminando mais tarde na crise do subprime em 2008. Mais exportações chinesas têm um efeito deflacionista a nível global, mas para os EUA esse efeito deverá ser quase insignificante, não tanto pelo reduzido peso das contas externas no PIB norte-americano de apenas 15%, mas mais pelos crescentes entraves protecionistas norte-americanos aos produtos chineses.

Na terça-feira, Biden aumentou as tarifas sobre alguns bens importados da China, tendo quadruplicado as taxas alfandegárias sobre veículos elétricos para mais de 100% e duplicado as tarifas sobre a importação de semicondutores da China para 50%. Os painéis solares têm uma tarifa de 50% e o aço e o alumínio de 25%.

As expectativas de uma aceleração do crescimento económico e abrandamento da inflação têm marcado a alta dos mercados acionistas, impulsionados também pela IA e pelos gastos do governo. No entanto, uma aceleração da inflação ditada pela menor globalização e aumento da produção interna nos EUA, aliada a uma desaceleração da economia, poderá penalizar os índices acionistas no futuro. A probabilidade das Fed Fund Rates serem inferiores a 4% em setembro de 2025 é de 35%, e menores que 3,50% é inferior a 5%. As taxas de juros persistentemente elevadas deterioram gradualmente a atividade económica, ameaçando o desempenho das ações.

Retalho dos EUA

Walmart superou as expectativas de lucros e receitas trimestrais, à medida que a loja de descontos obteve ganhos significativos no comércio eletrónico, impulsionando os lucros com novos negócios, como publicidade, e conquistando mais compradores de altos rendimentos. O lucro líquido do Walmart aumentou para 5,10 mil milhões de dólares, em comparação com 1,67 mil milhões de dólares, no mesmo período homólogo.

Indústria alemã

O lucro da Siemens diminuiu 10,7% no primeiro semestre fiscal, concluído em março deste ano, para 4.421 milhões de euros, face a idêntico período do ano anterior. A queda do lucro resultou do facto de a Siemens ter beneficiado da reversão da perda de valor com a Siemens Energy.

Telecomunicações na Alemanha         

O lucro da Deutsche Telekom caiu 87,1% no primeiro trimestre deste ano, para 1.982 milhões de euros, face ao período homólogo. O volume de negócios registou um crescimento de 0,4% no primeiro trimestre, em termos homólogos, para 27.942 milhões de euros, dos quais 23.485 milhões de euros corresponderam a serviços (+2,9%, em termos homólogos).

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