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ING salienta “contração aguda” do PIB português e projeta recessão de 7,5% em 2020

O banco de investimento holandês diz que o desempenho da economia portuguesa irá ser melhor do que os de Espanha e Itália, países mais afetados pela pandemia. Salienta, no entanto, que recuperação esperada a partir da segunda metade do ano irá ser prejudicada pela queda do turismo e que a economia irá expandir apenas 2,6% em 2021.
18 Maio 2020, 07h35

A comparação com a vizinha Espanha é favorável, mas isso não significa que os próximos trimestre vão ser fáceis para a economia portuguesa, cuja recuperação da recessão poderá ser limitada pela queda abrupta da atividade no turismo, afirmou o ING.

Numa nota de research, o banco de investimento holandês salientou que o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal teve uma “contração aguda” de 3,9% no primeiro trimestre de 2020 face ao trimestre anterior, e 2,4% em termos homólogos, o que implica um impacto de crescimento semelhante ao observado para zona euro como um todo, mas também um impacto negativo mais fraco em comparação com Espanha.

“Mesmo que a crise sanitária não tenha sido tão grave como em Espanha, as medidas de contenção tiveram um grande impacto no crescimento”, referiu Steven Trypsteen, economist do ING para os dois países ibéricos.

Recordou que a Covid-19 chegou a Portugal mais tarde do que em outros países europeus, o que  permitiu ao governo português tomar medidas rápidas desde cedo, com a imposição o estado de emergência apenas 16 dias após o início do surto.

“O número de infecções e mortes é, portanto, relativamente baixo em Portugal”, explicou Trypsteen. “As medidas de  confinamento ainda tiveram, no entanto, um forte impacto na atividade económica e antes do estado de
emergência algumas atividades já tinha sido interrompidas e a procura alguns produtos, como atividades de alojamente e serviços de alimentação recuado”.

O economista sublinhou que a contribuição da procura interna caiu para -1,9 pontos percentuais em comparação com -0,7 no trimestre anterior e que a procura externa também contribuiu negativamente para o crescimento (-2 pontos percentuais), com as as exportações a cairem 7,3% e as importações 2,9%.

Trypsteen lembrou que o estado de emergência terminou no início de maio e o país está a reabrir de forma gradual. o
setor a setor. A segunda fase desse ‘desconfinamento’ começa nesta segunda-feira, quando restaurantes, lojas maiores, creches e escolas para grupos de alguns anos reabrir, enquanto a terceira e última fase está prevista para junho.

“Como as medidas de contenção duraram mais no segundo trimestre e estão a ser levantada de forma apenas gradual, o impacto no crescimento do segundo trimestre deve ser mais severo”, vincou.

O ING espera que o desempenho do crescimento de Portugal continue a ser melhor que o de Espanha e Itália no segundo trimestre, e que como a crise sanitária foi menos grave do que naqueles dois países, “parece razoável que
Portugal pode levantar restrições mais rapidamente, o que apoiará a atividade económica”.

“A recuperação esperada a partir da segunda metade do ano será, no entanto, atenuada pela falta de atividade turística”, adiantou o banco holandês, recordando que segundo o Conselho Mundial de Turismo, o turismo e as viagens representam cerca de 19% do PIB e 22% do emprego.

“Supondo que todas as medidas de conteção sejam levantadas até ao terceiro trimestre e que não haverá segunda onda, esperamos que a economia portuguesa contraia 7,5% em 2020 e recupere 2,6% em 2021”, concluiu.

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