O desenvolvimento tecnológico tem transformado substancialmente a vida quotidiana de todos. Nos últimos anos, os modelos de negócio e de organização, a forma como pessoas e entidades se relacionam têm vindo a mudar a uma velocidade intensa, crescente e sem precedentes.

Neste ambiente de inovação e tecnologia florescem as denominadas startups, criando soluções que permitem a conceção de novos produtos e novas formas de comercialização. Na área seguradora, o fenómeno tem vindo a designar-se por Insurtech.

Nos seguros é intensa a influência das novas realidades, principalmente em duas vertentes. A primeira é o desenvolvimento de produtos à medida do utilizador, usualmente a preços mais acessíveis, por ser possível uma avaliação do risco mais personalizada. A segunda é a aproximação digital ao cliente, através de criação de aplicações que permitem uma interação fácil e permanente com a empresa. “A qualquer hora, em qualquer lugar” passa a ser o lema para responder às necessidades das novas gerações digitais.

Mudanças tão intensas, extensas e profundas na nossa forma de viver e de interagir, misturando o real e o digital, através de tecnologia nova e desconhecida, colocam enormes desafios à regulação e supervisão.

A qualquer hora, em qualquer lugar

Um dos grandes desafios na área seguradora é o aparecimento de novos tipos de seguros, baseados no uso ou no comportamento, cujo preço depende de quanto ou como se conduz, de se ter ou não um estilo de vida saudável, de se ter ou não objetos ou dispositivos imbuídos de inteligência artificial, ligados entre si, permitindo a prevenção de sinistros ou a sua rápida mitigação, caso ocorram. Outro desafio são os seguros quase instantâneos, de on/off, que são acionados durante pouco tempo, por exemplo, poucas horas, por se perspetivar a possibilidade de um risco para esse período ou situação.

São assim do maior interesse as iniciativas que aproximem os reguladores da inovação, já que permitem observar e procurar compreender novas realidades e verificar se existem diferenças estruturais resultantes da sua vertente tecnológica ou se são, simplesmente, um modo diferente de apresentar algo que substancialmente é idêntico ao que já existe.

Neste contexto, a ASF, o Banco de Portugal e a CMVM estabeleceram uma parceria conjunta com a Portugal Fintech, para a criação de um laboratório de inovação financeira. O Portugal FinLab é uma plataforma de comunicação entre inovadores do setor financeiro, sejam startups ou instituições incumbentes, e as autoridades reguladoras portuguesas.

A ASF dá, deste modo e conjuntamente com os outros reguladores financeiros, mais um importante passo no sentido de se preparar para os intensos desafios de regulação e supervisão que se avizinham, procurando conhecer as novas realidades e perspetivar o impacto que podem vir a ter, em geral, no setor financeiro e, em particular, na área dos seguros e fundos de pensões.