A tecnologia fornecerá um importante veículo para a inovação na saúde, mas é importante que esta seja implementada de forma eficaz e eficiente, sobretudo ao incluir os pacientes no processo clínico ao mesmo tempo que se assegura a qualidade e fidelidade dos dados gerados.
A ideia foi defendida no painel promovido pela Accenture sobre “Inovação e tendências sustentáveis na saúde”, que contou com moderação do Jornal Económico, incluído na Semana da Responsabilidade Social.
“Não nos podemos esquecer que os resultados em saúde são a longevidade, mas também a qualidade dessa longevidade”, começou por argumentar Ana Paula Harfouche, Administradora Hospitalar na ARS Lisboa e Vale do Tejo. Nesta perspetiva, importa realçar que o impacto dos cuidados de saúde neste resultado final “é apenas 20%”, sendo que o restante é fruto de outros determinantes, nomeadamente socioeconómicos e individuais.
Ainda assim, as novas tecnologias terão um contributo forte e positivo nestes 20%, acredita José Carvalho, cofundador e administrador da Hope Care. Aproveitando a “grande abertura em todos os atores da saúde para a implementação de novas tecnologias” que trouxe a pandemia, houve processos ligados à telemedicina que se implementaram neste período, como, por exemplo, consultas de psiquiatra ou anestesia no Hospital Central de Lisboa.
Como tal, “a certificação de processos de telemedicina como equipamento médico” é extremamente importante, ao colocar estas técnicas numa situação equiparável à de medicamentos. Contudo, José Carvalho identifica dificuldades na capacitação dos profissionais de saúde para a utilização destas ferramentas, defendo que é necessária “uma transformação da classe profissional”.
Apesar das dificuldades na gestão da informação que geram estas novas tecnologias, Rita Veloso, vogal do Centro Hospitalar Póvoa de Varzim e Vila do Conde, crê que os cidadãos “devem poder exigir estar informados” e, como tal, reconhece a importância, por exemplo, da centralização dos registos eletrónicos gerados pelo Sistema Nacional de Saúde.
O problema surge maioritariamente na implementação destes sistemas, que frequentemente são duplicados, não acrescentando valor e gastando recursos públicos. “Um utente pode ir ao Centro Hospitalar da Póvoa [de Varzim e Vila do Conde], ao Hospital de S. João, ao IPO, mas o doente é sempre o mesmo”, sublinha Rita Veloso.
A evolução na saúde tem sido “drástica” nas últimas décadas, argumenta Pedro Janeiro, Responsável de Saúde e Administração Pública, Strategy & Consulting da Accenture Portugal, e prevê-se que acelere ainda mais. E essa evolução no futuro próximo terá de passar, obrigatoriamente, pela colocação do “utente no centro da aplicação da operação” do setor.
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