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Inquérito a portugueses revela que 45% não poupa e metade dos restantes não consegue poupar mais de 20%

Este inquérito foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica Portuguesa em colaboração com o Doutor Finanças, entre os dias 2 e 17 de abril de 2025.
15 Maio 2025, 00h01

O Doutor Finanças divulgou os resultados do 1.º Barómetro Hábitos Financeiros dos Portugueses, desenvolvido em parceria com o Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa.

Os dados revelam que quase metade dos inquiridos (45%) não poupa de forma regular e entre os que poupam, perto de metade poupa entre 5% e 20%. Só 32% afirmam reservar parte do rendimento logo no início do mês. Já 21% admitem não ter qualquer hábito de poupança, sendo esta falta de regularidade mais comum entre as faixas etárias mais velhas.

A forma como as famílias abordam o dinheiro também esteve em foco neste estudo, que conclui que mais de um terço (35%) fala muito esporadicamente ou nunca sobre dinheiro em família — sendo esta realidade mais comum nos agregados familiares com idade mais avançada. Apesar de a maioria dos inquiridos dizer que gere as suas próprias contas bancárias, mais de metade dos casais (57%) tem conta própria e apenas 54% tem conta conjunta, o que significa que há casais com várias contas bancárias.

Este inquérito foi realizado pelo Centro de Estudos Aplicados (CEA) da Universidade Católica Portuguesa em colaboração com o Doutor Finanças, entre os dias 2 e 17 de abril de 2025.

O estudo foi realizado em abril, através de um inquérito com 700 respostas válidas de pessoas residentes em Portugal, com idades entre os 18 e os 65 anos, assegurando representatividade nacional em termos de género, idade, região e escalão socioeconómico.

Portanto, o universo-alvo é composto por pessoas com 18 ou mais anos residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir de uma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória.

Para garantir a representatividade da amostra, esta foi ponderada por sexo, idade, escolaridade e residência. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 700 inquiridos é de 4%, com um nível de confiança de 95%, diz a fintech especializada na área do bem-estar financeiro, que ajuda as pessoas a tomar melhores decisões financeiras sobre crédito habitação, crédito pessoal e seguros.

Este barómetro pretende avaliar o grau de literacia e os comportamentos financeiros da população em Portugal, com o objetivo de monitorizar tendências e apoiar estratégias de educação financeira.

Segurança lidera critérios de investimento em detrimento da rentabilidade. Depósitos a prazo ganham aos certificados de aforro

A fintech revela que, no que diz respeito à poupança e ao investimento, o estudo mostra que os depósitos a prazo continuam a ser a principal forma de aplicar dinheiro (29%), seguida pelos Certificados de Aforro (15%). Apenas 4% recorre a ativos digitais como forma de investimento.

A banca tradicional continua a dominar, já que 58% dos investidores utilizam-na e 48% de forma exclusiva. As mulheres tendem a optar mais por este canal do que os homens.

A segurança é o critério mais valorizado na escolha de um produto financeiro (42%), seguida pela rentabilidade esperada (22%).

No universo dos inquiridos, 27% possui crédito habitação e pouco mais de metade (53%) indica que paga sempre os seus créditos. Destaca-se ainda uma elevada taxa de não resposta a esta questão (42%) que é transversal a todos os níveis de rendimento.

Literacia financeira dos filhos é pouco incentivada

A literacia e autonomia financeira dos filhos também foi alvo de análise. A maioria dos pais afirma dar dinheiro aos filhos quando estes precisam, mas poucos envolvem os menores na gestão do seu próprio dinheiro. Entre os maiores de 10 anos, cerca de 60% limitam-se a dar dinheiro apenas quando solicitado, apenas 30% a 40% dos jovens a partir dos 10 anos recebe semanada ou mesada.

A principal forma de os mais novos guardarem ou gerirem o dinheiro é o tradicional “mealheiro” (51%), seguido das contas de depósito a prazo (39%). Apenas 3% recorrem a produtos financeiros mais estruturados.

“Os resultados deste Barómetro mostram que os desafios financeiros que os portugueses enfrentam são estruturais e não meramente conjunturais, diz a Doutor Finanças.

A ausência de hábitos de poupança e a falta de planeamento continuam a comprometer o bem-estar financeiro das famílias. Este estudo permite-nos compreender onde estão os bloqueios e onde devemos atuar” afirma Sérgio Cardoso, Chief Education Officer do Doutor Finanças.

O Barómetro de Hábitos Financeiros é uma iniciativa que pretende acompanhar a evolução dos comportamentos e competências financeiras da população portuguesa.

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