O valor mínimo aceite no leilão de bens móveis da Publicações Europa-América, que foi uma das principais editoras de livros de Portugal mas viu-se forçada a recorrer à insolvência no final de 2019, após acumular dois milhões de euros de dívidas a credores, é de apenas 15 mil euros.
Segundo o anúncio do leilão eletrónico que teve início às 11h00 desta segunda-feira e decorre até às 16h00 de 10 de julho, levado a cabo pela empresa A Leiloeira Forense, o lote em causa é composto por milhares de livros, mobiliário de escritório em mau estado, uma fotocopiadora e material de refeitório. Os interessados poderão visitar os bens leiloados, expostos na sede da empresa, em Mem-Martins, na próxima quinta-feira, 2 de julho, entre as 10h00 e as 13h00. Essas instalações não fazem, no entanto, parte dos bens apreendidos à insolvente.
Fundada em 1945 por Francisco Lyon de Castro, a Europa-América editou livros de autores portugueses e estrangeiros nada do agrado do regime salazarista, devido às simpatias esquerdistas, como Alves Redol, Gabriel García Márquez, Jorge Amado e Soeiro Pereira Gomes. Mas também se distinguiu na popularização da leitura, com muitas edições de livros de bolso em géneros como a espionagem e a ficção científica ou de temas políticos, sociais e económicos.
“História Concisa de Portugal”, de José Hermano Saraiva, e “O Erro de Descartes”, de António Damásio, estiveram entre os maiores êxitos de vendas de uma editora que publicou 51 milhões de livros de 1.900 autores portugueses e estrangeiros.
A insolvência da Publicações Europa-América foi requerida ao Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa-Oeste, em Sintra, tornando-se inevitável por causa dos dois milhões de euros devidos a dezenas de entidades e de pessoas como o Instituto da Segurança Social, o Santander, a Gradiva e os descendentes de Francisco Lyon de Castro.
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