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Inteligência Artificial impõe-se em todos os programas de MBA

A IA está presente nas mais variadas formas nos programas das escolas de gestão para os líderes que vão moldar os negócios do futuro. Há novas disciplinas e unidades curriculares, e casos de estudo sobre empresas que conduzem a transformação digital através de IA. A par da exploração de parcerias com tecnológicas para garantir o acesso às últimas ferramentas nos cursos de MBA. Há de tudo.
23 Março 2025, 16h05

O retrato traçado por Joana Santos Silva, CEO do ISEG Executive Education, ao Jornal Económico como que resume a forma como a academia olha para a Inteligência Artificial (IA). “No nosso MBA não vemos a IA apenas como um tema de estudo isolado, mas sim como uma força transversal que impacta a estratégia, a liderança e o futuro do trabalho”.

Game changer do mundo dos negócios, a IA generativa não é apenas mais uma tendência. Entrou nos programas de MBA e dita rumos. No grupo das principais escolas de negócios portuguesas, todas, de uma maneira ou de outra, a introduziram nos seus programas: casos de estudo, parcerias com tecnológicas, workshops da especialidade, novas unidades curriculares e novas disciplinas.

A Católica Porto Business School (CPBS) integra este universo.

“Quando iniciámos a sua inclusão no MBA Executivo, procurámos duas abordagens: potencial como ferramenta de informação e a gestão ética da IA”, afirma Luís Marques, diretor do programa, ao Jornal Económico (JE). Como ferramenta para a tomada de decisão, a Escola introduziu uma disciplina específica que procura desenvolver competências de prompt em IA. A opção teve por base, explica Luís Marques, a convicção de que a mais- -valia da IA é maximizada pela qualidade das perguntas inseridas e pelo fluxo do seu racional. “Ensinar alunos a perguntar não só estimula as suas capacidades de correlacionar diversos conhecimentos, como aumenta a fiabilidade das respostas obtidas”, adianta.

Já a gestão ética da IA assenta no pressuposto de que esta complementa a aprendizagem, mas não a substituí. “Encarar a IA como uma fonte adicional e não como a fonte única de informação, tem sido uma experiência muito enriquecedora para os nossos alunos”, salienta.

Recentemente, a Católica Porto Business School difundiu a IA por todas as disciplinas do MBA Executivo, passando a ser uma fonte aceite para acesso à informação. “Acreditamos que esta abordagem continuará a proporcionar aos nossos alunos uma utilização informada e responsável da IA, com claros benefícios para o seu papel de futuros gestores em organizações que em muito ganharão com esta abordagem”, adianta. 

A próxima edição do MBA Executivo está prevista para outubro e tem como principais trunfos: aprofundar a exploração de desafios de empresas e a experiência lá fora (semanas na ESADE de Barcelona e WU de Viena). O Clube de Empresas da CPBS é outro ponto forte e está a crescer, diz Luís Marques. 

 

AESE Business School

Fundada em 1980, numa iniciativa da Associação de Estudos Superiores com o apoio do IESE Business School da Universidad de Navarra, a AESE foi a primeira escola do género em Portugal. É das mais reputadas. 

“Na próxima edição do nosso Executive MBA, pretendemos reforçar algumas áreas que consideramos críticas para os líderes do futuro”, revela Rafael Franco, diretor do AESE Executive MBA, ao JE. Concretiza: “Vamos aprofundar o desenvolvimento de capacidades de liderança em contextos multiculturais, cada vez mais relevantes num mundo globalizado. Reforçaremos também os módulos de inovação e empreendedorismo, essenciais para empresas que precisam de se reinventar constantemente”. 

A AESE reconhece a “importância crítica” da IA – “uma das forças transformadoras mais significativas do nosso tempo – na formação dos líderes de hoje e de amanhã”. Rafael Franco diz que a Escola tem lançado com regularidade novos short programs sobre IA, data-analytics e as suas aplicações empresariais no elective track. “É essencial que os nossos participantes compreendam não apenas os aspetos técnicos destas tecnologias, mas principalmente o seu potencial estratégico e as implicações éticas da sua utilização”, considera. 

O programa curricular do Executive MBA inclui casos de estudo sobre empresas que estão a liderar a transformação digital através da IA, o que permite aos participantes “analisar e discutir estratégias reais de implementação e os desafios associados”. A AESE também tem levado à Palma de Baixo líderes de tecnológicas e especialistas em IA para partilharem experiências e visões nas Leaders’ Talks que promove.

ISCTE Executive Education

O Iscte Executive Education ministra um Executive MBA com lugar na lista dos melhores da Europa do Financial Times. José Crespo de Carvalho, presidente da comissão executiva, diz ao JE que não só estão a “acompanhar de perto a transformação” trazida pela IA como já a introduziram em vários aspetos e módulos” do EMBA. Em concreto, foi integrada em várias unidades curriculares, com especial enfoque em Data Analytics e Gestão da Transformação Digital, onde “se exploram as implicações da IA nos modelos de negócios e as novas oportunidades que ela oferece às empresas.

“Os nossos participantes têm a oportunidade de aprender não apenas as aplicações práticas da IA, nas suas áreas de atuação, mas também desenvolvendo um pensamento crítico sobre como a mesma pode ser usada para criar vantagens competitivas e aumentos significativos de produtividade”, adianta. 

O Iscte Executive Education está a integrar a IA generativa em algumas das suas ferramentas de apoio ao ensino e a explorar parcerias com empresas tecnológicas líderes para garantir que os seus participantes tenham acesso às últimas ferramentas e práticas de IA, salienta José Crespo de Carvalho. 

“Em breve, os nossos programas terão módulos dedicados ao uso estratégico da IA nas organizações, explorando desde a análise preditiva até a automação de processos e a personalização de serviços”, revela. 

ISEG Executive Education

De regresso ao Quelhas. Joana Santos Silva, CEO do ISEG Executive Education e diretora executiva do ISEG MBA, destaca a parceria com a Universidade de San Francisco e a experiência em Silicon Valley, pelo que permite: um contacto direto com o epicentro da inovação global, onde a IA não é apenas uma tendência, mas uma realidade aplicada. Esta imersão, explica, dá aos participantes “acesso ao state of the art do empreendedorismo tecnológico, onde a IA desempenha um papel central na disrupção dos mercados”. 

Além disso, os business cases analisados refletem “desafios reais enfrentados pelas organizações na adoção e integração da IA”, permitindo aos participantes “desenvolver uma perspetiva crítica sobre como utilizar estas ferramentas para criar valor nos seus sectores”.

Mais uma vez, Joana Santos Silva como que poderia ser a porta-voz de toda a academia quando diz: “O nosso compromisso não é apenas acompanhar tendências – é preparar líderes para moldar o futuro dos negócios”. 

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