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Inteligência artificial para automatizar e distanciar na pandemia

A startup AssetFloow nasceu em março de 2020 e colocou no mercado uma solução tecnológica para otimizar espaços como lojas ou armazéns. Já a Automaise entrou neste ano com um investimento de um milhão de euros.
6 Junho 2021, 14h00

A inteligência artificial (IA), descrita pelo Fórum Económico Mundial (WEF) como um dos principais impulsionadores da Quarta Revolução Industrial, tem visto aumentarem os pedidos de regulamentação nos últimos anos, mas a pandemia acelerou a necessidade de operacionalizar esses princípios éticos. Quem o garante são os especialistas em machine learning Eddan Katz e Conor Sanchez, do WEF, que defendem que as tecnologias desatualizadas são obstáculos para a formulação de políticas eficazes.

Do lado das empresas de IA, apesar do inicial abrandamento da atividade comercial nos primeiros meses de 2020, devido à Covid-19, o investimento apresentou-se a chegar. “Hoje, comparativamente ao que acontecia há um ano, temos mais empresas a precisar e a depender da automação inteligente para gerir os seus negócios e clientes. Isto foi sem dúvida uma consequência da pandemia. A tecnologia tem sido a maior responsável no que diz respeito a dar resposta aos desafios que a crise pandémica trouxe em todo o mundo, pelo que é natural que se traduza em mais investimento nessa área também”, diz o CEO e cofundador da Automaise ao Jornal Económico (JE).

Fundada em 2017 e incubada na Startup Braga, a Automaise criou uma plataforma de IA low-code para automação de processos, com ferramentas como ‘empregados virtuais’ para serviço ao cliente ou outras tarefas para as quais são programados em sectores como o financeiro, retalho, telecomunicações, logística ou transportes. Na opinião de Ernesto Pedrosa, as organizações estão prontas para voltar a apostar na automatização das suas operações

“Em 2021 as empresas já se adaptaram e ajustaram e estão notoriamente mais abertas a evoluir através de soluções de automação inteligente como a nossa. Para nós, as circunstâncias, aliadas ao fecho da ronda seed [de um milhão de euros no início de fevereiro], foram uma oportunidade de acelerar a execução do roadmap de produto”, garante. Tanto que, no ano passado, o valor investido em desenvolvimento de produto foi quase o dobro de 2019 (a tecnológica não detalhou o orçamento destinado ao melhoramento da sua plataforma).

A AssetFloow não só investiu durante o confinamento como nasceu em março de 2020, quando o mundo entrou em stand-by. A empresa portuguesa criou um software de IA que traduz dados de vendas não estruturados em informações sobre o comportamento dos consumidores dentro de lojas de retalho ou armazéns, sem depender de sensores ou câmaras. Ou seja, usa a tecnologia para otimizar o fluxo de pessoas dentro dos espaços – algo que adquiriu importância extra com a necessidade de conter a pandemia e que tem recebido prémios internacionais como o hackathon “Venture With Air”.

Ao JE, a presidente executiva diz que alteração brusca nos padrões de compra levou a que os retalhistas procurassem soluções para compreender como é que os diferentes tipos de consumidores utilizam os seus espaços – neste caso, uma tecnologia que apenas recorresse aos dados anónimos das vendas e ao layout da loja. “A digitalização tornou-se uma necessidade e o mercado de retalho não fugiu à regra. No entanto, focou-se muito no comércio eletrónico e pouca inovação tem sido feita em lojas físicas, que ainda representam mais de 89% do mercado e onde as margens são mais elevadas. É nas lojas que a informação sobre o comportamento do consumidor é mais rica”, começa por explica Katya Ivanova.

“Durante o lockdown, o nosso foco teve que convergir nos retalhistas de comida e nos armazéns. Como a empresa é recente e temos uma equipa de fundadores multidisciplinar (tanto em negócio como desenvolvimento de produto), conseguimos fazer 2020 com poucos custos em desenvolvimento e lançamento do produto no mercado. Agora, este ano, o nosso objetivo é fechar a primeira ronda de investimento para aumentarmos a equipa em Lisboa e continuar as operações com grande foco na Europa”, afirma a CEO.

Segundo a fundadora, o sector do retalho tem uma “oportunidade única” de aprender e retirar valiosas aprendizagens ao analisar o comportamento dos consumidores para que possa atender às suas necessidades tanto no curto como no longo prazo, otimizando a gestão de stock, do tempo das pessoas nos estabelecimentos comerciais e o planeamento das promoções.

Além de estarem por trás dos smartphones, a IA e os robôs querem inclusive que demos menos passos dentro de uma loja e levemos o mesmo – ou mais.

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