Inteligência artificial “tornar-se-á essencial” nos esforços de sustentabilidade, diz BCSD Portugal
A inteligência artificial e a sustentabilidade tenderão a convergir e transformarão de forma muito impactante os negócios, automatizando relatórios complexos e melhorando a qualidade dos dados. No entanto, o uso crescente da IA traz desafios, como o aumento do consumo energético e o impacto social no emprego, exigindo a adoção de tecnologias mais eficientes e programas de requalificação profissional, explica Tiago Carrilho, diretor de Conhecimento e Formação do BCSD Portugal — Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável.
A convergência com a IA é uma das tendências ESG sigla de Environmental, Social, Corporate Governance ou, na tradução portuguesa, Ambiental, Social e Governança, para 2025 identificadas pelo BCSD Portugal, que agrega e representa empresas que se comprometem com a sustentabilidade e tem como presidente António Pires de Lima. As outras tendências são: 1)Regulamentação, transparência e relatórios de sustentabilidade; 2) Investimento na mitigação e adaptação às alterações climáticas; 3) Liderança não-executiva num mundo incerto; 4) Desenvolvimento de talento e sustentabilidade5) Economia circular e redução de resíduos.
Em matéria de regulamentação, Tiago Carrilho, considera que “a crescente exigência por transparência e necessidades de práticas de gestão mais eficazes levará as empresas a adotar práticas rigorosas de relatórios ambientais, sociais e de governança (ESG)”. Em Portugal, a transposição da Diretiva Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD) que deverá acontecer este ano, acentuará, esta necessidade.
Haverá também um maior foco no combate ao greenwashing, diz, bem como uma maior necessidade de transparência da cadeia de valor, graças à diretiva de dever de diligência (CSDDD), que exigirá às empresas que reavaliem as suas cadeias de valor e adotem medidas eficazes para assegurar o cumprimento das normas de direitos humanos e ambientais.
O desenvolvimento de talento e a sustentabilidade é uma das seis tendências ESG identificadas para 2025 pelo BCSD Portugal. Há um “enorme défice” de competências verdes no mercado para fazer a transição necessária, que “poderá e deverá ser aproveitado pelas organizações para dotar os colaboradores de novas competências, enquanto atraem e desenvolvem talento”, adianta Tiago Carrilho.
Além disso, acrescenta, estratégias de talentos que integram trabalho orientado ao propósito “são essenciais” para garantir que existem dentro das organizações “as pessoas que irão dar resiliência, competitividade e inovação aos modelos de negócio”.
As alterações climáticas vão continuar no olho do furação. Segundo o responsável do BCSD Portugal, o aumento de desastres relacionados com o clima vai obrigar as empresas a investir em medidas de adaptação para proteger as suas operações e mitigar riscos financeiros. “A avaliação de riscos interligados em todos os sistemas será benéfica para a sua adaptação e mitigação e também poderá levar à fusão da agenda climática com a da biodiversidade”, adianta.
No que respeita a outra das tendências identificadas — Liderança não-executiva num mundo incerto —, Tiago Carrilho explica que “num contexto caracterizado por uma crescente incerteza, a liderança não executiva será crítica na formação de estratégias e na condução do progresso em direção à criação de valor sustentável a longo prazo”.
Por fim, o BCSD Portugal destaca o aprofundamento da economia circular e a redução de resíduos. “A transição para uma economia circular continuará a ganhar força, impulsionada pela necessidade de preservar recursos naturais e reduzir emissões de carbono”, afirma. Com o caminho mais do que sinalizado, as empresas deverão investir no design de produtos mais sustentáveis, focados na reutilização, reciclagem e eliminação de resíduos. “Modelos de negócio baseados na partilha e reutilização, como serviços de subscrição, tornar-se-ão mais comuns, demonstrando assim a já tendência para a servitização”, conclui Tiago Carrilho.
