Num ano em que o mercado da distribuição em Portugal está a ser animado pela concretização do início da operação do gigante espanhol do setor, a Mercadona, e pela turbulência em torno do controlo accionista do Dia (em Portugal opera com a insígnia Minipreço), que poderá provocar alterações no ‘ranking’ dos principais operadores no mercado nacional, nota-se que a crescente competitividade no setor passa por novas tendências que privilegiam a inovação e se focam em particular no retalho agroalimentar. Os destaques vão para os produtos frescos, soluções de refeições com cozinhas próprias dos grupos distribuidores e para as marcas próprias. Há uma aposta crescente no setor agroalimentar, uma preocupação com a saúde, promovendo as reduções de consumo de sal, açúcar e gorduras. Preços competitivos, a continuação do reinado das promoções, a progressiva importância das lojas de proximidade e uma atenção reforçada às questões de ambiente e sustentabilidade, de que é exemplo a tentativa generalizada de redução de consumo de plástico, são as outras tendências que vão marcar o futuro da distribuição em Portugal.
Um dos grupos estrangeiros com forte implantação em Portugal, de origem francesa, é Os Mosqueteiros, dono da insígnia Intermarché. “Este ano, queremos reforçar o nosso posicionamento ao nível do preço. O nosso modelo de negócio permite-nos, de facto oferecer ao cliente que visita as nossas lojas o melhor binómio preço qualidade. Para isso, é muito importante a proximidade que existe com os clientes, de forma a adaptar a oferta à procura, e com a produção local, para termos acesso aos produtos mais frescos e gerarmos economia no transporte”, defende Martinho Lopes. Segundo este responsável, “estes dois tipos de proximidade só são possíveis devido ao nosso modelo de negócio que coloca o aderente (dono de loja) a viver na localidade onde tem a sua loja, permitindo assim que este conheça a comunidade onde está instalado e perceba as suas necessidades”.
“Para além de viver na localidade onde tem o seu negócio, o aderente tem liberdade e autonomia para comprar localmente os produtos que vende na sua loja, o que lhe permite desenvolver uma relação inigualável com os produtores locais, apoiando toda a economia da região e entregando ao consumidor a máxima qualidade aos melhores preços”, adianta Martinho Lopes, acrescentando que “em 2019, vamos ainda manter a aposta nas nossas marcas” e recordando que já durante o mês de fevereiro, “vimos um total de 40 produtos das nossas marcas LABELL (gama beleza), Terra de Sabores (alimentar) e APTA (higiene e lar), serem distinguidos pelos consumidores nacionais através de dois prémios: ‘TOP BELEZA 2019’ e ‘Escolha do Consumidor 2019’”.
Para este responsável, “o Intermarché pertence a um dos maiores grupos multi-insígnia, o Grupo “Os Mosqueteiros”, que opera no mercado da distribuição nacional há mais de 27 anos com uma postura bastante diferente da que é usual neste setor, assentando num sistema organizativo único, uma vez que se trata do único grupo dirigido diretamente pelos próprios membros”.
“O grupo agrega um conjunto de empresários independentes, designados aderentes, que são donos e responsáveis, na íntegra, pela gestão de cada ponto de venda. Os aderentes beneficiam de um conjunto de estruturas comuns de compras, logística, desenvolvimento, qualidade, comunicação, entre outros, sendo, também, co-dirigentes desta estrutura, dedicando a esta gestão um terço do seu tempo”, esclarece Martinho Lopes. Para o administrador, “esta estrutura organizacional permite que cada ponto de venda – quer seja Intermarché, Bricomarché ou Roady – seja gerido pelo próprio dono, levando a um maior empenho na gestão da loja e possibilitando, assim, a adoção de medidas que tenham em vista as necessidades específicas de cada localidade”.
“Por sua vez, isto faz com que os preços e a qualidade dos produtos sejam também eles mais competitivos. Atualmente, o Grupo Os Mosqueteiros tem 320 lojas em território nacional, mas quer fazer crescer as suas três insígnias e para isso delineou um plano de expansão para o qual serão necessários novos aderentes, munidos de um forte espírito de empreendedorismo e prontos para gerir o seu próprio negócio com todo o apoio estrutural de um dos maiores grupos da distribuição multi-insígnia”, adiantou Martinho Lopes ao Jornal Económico.
Segundo este responsável, “para o consumidor as mais-valias do Intermarché estão relacionadas com dois pontos: a qualidade e os preços baixos”. Sendo que “o equilíbrio deste binómio consegue-se através do nosso modelo de negócio, que permite independência e autonomia aos donos de loja para gerirem o seu ponto de venda”. Para Martinho Lopes, “esta gestão autónoma permite economia nos recursos e potencia uma grande proximidade entre a distribuição e a produção local, desenvolvendo-se uma relação de proximidade entre os dois pólos”.
Ou seja, “o dono de loja, que vive na localidade onde tem o seu negócio instalado, consegue perceber as necessidades de quem o visita e adaptar a oferta da sua loja ao que os seus clientes procuram”. “A adaptação da oferta é muitas vezes feita com recurso a produtos locais, um aspeto que diferencia as lojas do Intermarché da restante concorrência. Quem visita uma loja do Intermarché em Braga sabe que será completamente diferente de uma em Évora. Isto porque existe adaptação da loja à localidade onde está inserida e os aderentes constroem muito do seu portefólio com recurso à produção local, conseguindo assim produtos de qualidade excelente a um preço mais vantajoso para o cliente”, assegura o administrador do Intermarché Portugal.
“Para além destes benefícios para o consumidor, também a comunidade local, onde as lojas estão instaladas, ganha com este modelo de negócio do grupo. Por um lado, porque as lojas pagam os seus impostos localmente, e por outro, porque a compra local apoia toda a cadeia e economia local”, relembra este responsável.
No que respeita à logística, Martinho Lopes diz que “trabalhamos com base no cronómetro”. “O nosso objetivo é fazer o transporte dos produtos de forma a proporcionar economia em toda a cadeia de abastecimento. Um exemplo desta metodologia e logística integrada são os nossos camiões que depois de abastecerem os nossos pontos de venda, no regresso às nossas bases logísticas passam pelos produtores ou nas lotas para abastecer com novos produtos, otimizando o transporte, que, de outra forma, seria feito em vazio”, explica o administrador do Intermarché Portugal.
“Com esta iniciativa, consegue-se reduzir a pegada ecológica e os produtores beneficiam também de uma redução de custo, que se traduz em preços mais baixos para o consumidor, ao mesmo tempo que a qualidade do produto está assegurada pelo facto de esta operação se realizar durante a noite, período em que a maturação dos produtos é menor. Existe da nossa parte uma grande preocupação em otimizar recursos”, garante.
Para Martinho Lopes, “o maior desafio de logística reside assim no transporte dos frescos”. “Os nossos produtos ‘Programa Origens’ passam sempre pelas centrais de compra, mas muitos dos nossos frescos implicam aquisições locais a entrega direta na loja. Muitas das nossas lojas compram alfaces à estufa que fica a 50 metros da nossa porta — não há cadeia de abastecimento mais eficaz do que esta”.
Martinho Lopes dia que “as lojas que estão em zonas em que se produz bons queijos compram localmente, o que é algo que apoia a produção local, e permite inclusivé aos aderentes a escolha do produto”, enquanto “o produtor que fornece produtos ‘Programa Origens’ está alinhado com a nossa insígnia, sabe as nossas quantidades, sabe o que pretendemos em termos de qualidade e escoa para a loja, com grande rapidez”.
“No caso do peixe, vamos diretamente às lotas e desenvolvemos um modelo de integração que permite que o transporte a partir das lotas seja feito logo com os nossos camiões, aproveitando a nossa magnífica cadeia de frio e aportando uma maior frescura e, ao mesmo tempo, um preço final mais competitivo. Por isso, trabalhamos em todas as lotas do país e de forma integrada. Todo o processo é muito afinado, com um mínimo de manuseamento. Muitas vezes temos uma encomenda e à primeira hora do dia seguinte a loja já abre com o peixe na máxima frescura. Todas as lojas, no momento da abertura, têm o produto nas bancadas fresco e é esta frescura que distingue o Intermarché e nos tem permitido conquistar novos consumidores”, elenca Martinho Lopes.
Já no que respeita à inovação, este responsável acredita que “é um dos pilares fundamentais para o crescimento da nossa insígnia”. “Está no ADN do Intermarché e acreditamos que o sucesso de qualquer empresa está inteiramente relacionado com a sua capacidade de inovar”, defende este responsável.
“No Intermarché, a inovação é trabalhada a dois níveis, ao nível do processo e do produto. No que diz respeito ao processo, temos vindo a desenvolver alguns serviços que nos permitem melhorar a experiência de compra do consumidor, tornando-a mais rápida, simples e acima de tudo confortável”, assegura Martinho Lopes.
O administrador do Intermarché Portugal exemplifica que, “dentro destas inovações, destaque para a criação da loja ‘online’ e do serviço ‘drive’ que tem vindo a crescer, sendo atualmente uma referência de sucesso”.
“Os próprios processos logísticos pensados para serem sustentáveis e o conceito de loja, centrado nos frescos e desenhado para uma compra eficiente, também traduzem as novas tendências e a adaptação da insígnia às necessidades do consumidor. Ao nível do portefólio, a inovação está presente nas receitas e fórmulas dos produtos das nossas marcas. Há um ano, alterámos a composição das cotonetes da nossa marca LABELL de forma a torná-las biodegradáveis e compostáveis, fomos os primeiros do mercado a fazê-lo”, desta o administrador do Intermarché Portugal.
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