Hoje imaginei Luís Montenegro no genérico dos Simpsons, a escrever cem vezes no quadro “Não me vou irritar com perguntas dos jornalistas. Não me vou irritar com perguntas dos jornalistas. Não me vou irritar com perguntas dos jornalistas”.

De facto, os dias difíceis de más sondagens, declarações abstrusas de “parceiros” de alianças e uma convenção da AD em que os atores convidados brilharam mais do que o elenco habitual devem estar a cobrar o seu preço.

Mas nada justifica que o líder do PSD e candidato a primeiro-ministro do maior partido da oposição responda irritado e torto – “Não sei porque é que me está a fazer essa pergunta assim! Sinceramente…” quando o confrontam com uma óbvia contradição.

A de ter pedido a demissão de António Costa por envolvimento num caso de alegada corrupção e não exigir o mesmo no caso do presidente do Governo Regional da Madeira, o social-democrata Miguel Albuquerque, agora constituído arguido por suspeita de crimes de corrupção ainda mais graves.

A política tem destas coisas: às vezes nem o melhor osteopata ajuda nas guinadas da coluna vertebral. Mas fazem parte do jogo. O que não ajuda mesmo nada, em vésperas de pré-campanha, é mostrar ao eleitorado – em direto, ao vivo e a cores nos noticiários da televisão – que não tolera o escrutínio.