O estudo “To Understand Climate Mobility, Follow the Water”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG) conclui que no pior cenário, até 2050, as crises hídricas, como inundações, secas e tempestades, poderão deslocar internamente quase 32 milhões de pessoas e obrigar cerca de 11 milhões a ter de atravessar fronteiras, por ano.
Em 2022, 99% das deslocações relacionadas com catástrofes naturais foram provocadas por eventos relacionados com a água, e esta tendência deverá intensificar-se nas próximas décadas, se não se implementarem ações eficazes para mitigar o impacto das alterações climáticas.
África, Austrália, Médio Oriente e Europa Central enfrentam o maior risco de aumento de inundações, enquanto a Europa Central, a América Latina e o Sudeste Asiático são as mais suscetíveis a secas, conclui a BCG que defende que “para mitigar o impacto das crises hídricas e proteger as populações vulneráveis, é necessário investir na resiliência da água, no fortalecimento da resiliência social e no preenchimento da lacuna entre ambas”.
“As alterações climáticas, nomeadamente o aumento e a maior variação das temperaturas a nível global, têm afetado principalmente a quantidade, disponibilidade e qualidade da água, gerando impactos económicos, políticos e sociais”, afirma Manuel Luiz, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa.
O gestor acrescenta que “a mobilidade forçada das populações a nível mundial tem como sua principal causa os desastres naturais relacionados com a água, o que reforça a necessidade de acelerar a transição energética e reduzir as emissões de carbono”.
“Além disso, naqueles eventos que não serão possíveis de prevenir, torna-se imperativa a implementação de ações sociais que aliviem o impacto dos desastres hídricos na população”, acrescenta.
Três estratégias chave para mitigar as crises hídricas e a consequente mobilidade climática
A BCG sugere três mecanismos para ajudar na mitigação das consequências negativas das alterações climáticas, nomeadamente as crises hídricas e a consequente mobilidade climática.
A primeira é aumentar a resiliência da água. “É fundamental conceber soluções baseadas na natureza e na restauração de infraestruturas existentes para melhorar a capacidade de adaptação a eventos hídricos extremos. Neste contexto, importa juntar esforços para potenciar o acesso a ferramentas e plataformas digitais que possam aumentar a resiliência ao longo da cadeia de valor da água, como tecnologias de captação, armazenamento e distribuição, e de recuperação de
águas residuais de baixo custo”, diz.
A segunda é reforçar a resiliência social. Além de melhorar a resiliência da água, “importa garantir que os seus benefícios sejam duradouros e distribuídos de forma equitativa. Para tal, é necessário juntar diversas entidades, nomeadamente instituições públicas, decisores políticos e comunidades locais, para desenhar políticas e estratégias consistentes que permitam aumentar a adaptabilidade
da água e criar confiança nas soluções propostas junto da população”.
A terceira e última é “preencher a lacuna entre a resiliência da água e a resiliência social”.
A colaboração é a chave para mitigar crises hídricas e a mobilidade climática, defende a consultora. “Neste sentido, deve haver uma interajuda entre fronteiras organizacionais para reunir ideias, pessoas e recursos, bem como para desenvolver mecanismos de financiamento inovadores, que beneficiem as pessoas deslocadas”, acrescenta.
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