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Investidores de capital de risco pedem audiência ao Governo para fazer mudanças no OE (com áudio)

APCRI encomendou ainda um estudo ao ISCTE para aprofundar a importância do capital privado na economia nacional. “O ‘private equity’ representa apenas 0,026% do PIB português, 19 vezes menos do que na média da União Europeia. Só a Grécia e a Roménia valem menos do que Portugal”, adverte Luís Santos Carvalho, presidente da associação e fundador da Vallis Capital Partners.
9 Agosto 2021, 07h50

A Associação Portuguesa de Capital de Risco (APCRI) pediu uma audiência ao Governo para propor mudanças regulatórias, no Orçamento de Estado para 2022 (OE2022), que facilitem a aplicação de ativos de investidores institucionais na indústria de capital privado e de capital de risco e que mitiguem exigências colocadas sobre fundos de pensões e seguradoras.

“Estas entidades são investidores naturais em private equity e venture capital em grande parte da Europa. Acontece que em Portugal, com o atual enquadramento, é-lhes exigido que qualquer investimento nesta classe de ativos seja contabilizado como capital perdido, pressionando assim os seus rácios de capital”, explicou Luís Santos Carvalho, presidente da APCRI e fundador da Vallis Capital Partners, ao Jornal Económico (JE).

A APCRI – que foi fundada em 1989 e conta com 23 associados que representam 85% dos fundos sob gestão em Portugal registados na CMVM – encomendou ainda ao ISCTE um estudo sobre este sector e encontra-se a agregar informação para conseguir para demonstrar papel que o capital privado dos fundos pode desempenhar na retoma económica.

“Lendo a entrevista do ministro Siza Vieira [ao jornal online “Observador”], parece-nos claro que o Governo tem uma visão clara do que é necessário fazer: parcerias com o capital de risco para introduzir o critério necessário para distinguir as empresas que justificam uma intervenção, sejam elas as empresas em dificuldades, aquelas que precisam de acelerar o seu crescimento ou as que estão a começar”, afirma Luís Santos Carvalho ao JE.

No entanto, segundo a Invest Europe, Portugal é o terceiro país europeu com menos aplicação de capital privado nas empresas em função do produto interno bruto (PIB). No ano passado, o private equity representou apenas 0,026% na economia portuguesa, o que representa uma percentagem significativamente inferior à da vizinha Espanha (0,358%) ou mesmo à média europeia (0,512%). Em países como Reino Unido e Luxemburgo esse valor ultrapassa 1%.

“Na Europa só a Grécia e a Roménia valem menos do que Portugal” – Luís Santos Carvalho, APCRI

A seu ver, é o capital privado que faz chegar o dinheiro mais depressa à economia, contribuindo também para que outras fontes de financiamento, como as verbas europeias do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do Portugal 2030, possam efetivamente chegar de forma eficiente, produtiva e competitiva aos projetos. “A essência do capital privado, que em Portugal se apelida de capital de risco, é essa: trazer critério, capacidade de seleção e capital”, conclui o dirigente associativo e investidor.

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