A conclusão é clara: a generalidade dos investidores portugueses tem um perfil conservador e prefere uma abordagem de curto prazo. De acordo com o “Global Investor Study 2019”, da Schroders, a duração média dos investimentos nacionais é de 2,3 anos, antes de os transferirem para outro lado ou de os resgatarem. Tanto a média europeia como a global é de 2,6 anos, um pouco acima do nível português. Mais: 43% dos investidores portugueses mantêm os seus investimentos menos de um ano, um testemunho do seu perfil conservador. Trata-se de um período muito menor do que o recomendado, que é de cinco anos.

Segundo o mesmo estudo, os investidores mais pacientes são os dos Estados Unidos, Canadá e Japão, com períodos de manutenção de, pelo menos, quatro anos. Já os argentinos são os menos pacientes, mantendo o seu investimento apenas 1,3 anos.

Em relação à faixa etária, os millennials portugueses aparentam ser menos pacientes do que a geração anterior, os baby boomers. Os primeiros conservam, em média, os seus investimentos durante dois anos, enquanto os segundos o fazem durante 3,4 anos. Note-se que 50% dos millennials entende que o maior perigo associado aos seus investimentos é não assumirem o risco suficiente para alcançarem os objetivos desejados.

A  abordagem de curto prazo e o perfil conservador português contrastam com a sua expectativa de retorno. Os investidores esperam um retorno total de 10,4% (rendimento e crescimento) por ano, nos próximos cinco anos, uma ligeira subida na já ambiciosa perspetiva de 10,1% afirmada no relatório do ano passado. Estes números estão alinhados com os dos investidores globais, que esperam retornos anuais de 10,7% e que são, por isso, mais otimistas do que os correspondentes europeus, que esperam em média um retorno de 9% ao ano.

Não surpreende portanto que metade dos investidores portugueses (51%) sinta que não alcançou os objetivos de investimento nos últimos cinco anos. É por isso provável que este ano mais portugueses fiquem desapontados.

Destaco ainda neste estudo o facto de 45% dos investidores portugueses entenderem que a melhor estratégia para alcançar os seus objetivos é recorrer a fundos multiativos, com um portefólio distribuído por vários mercados, regiões e estratégias. Quando questionados sobre a exposição geográfica dos investimentos, apenas 28% dos investidores portugueses opta por investir a maior parte do portfólio no seu país, enquanto 30% entende que investir em mercados emergentes pode ser ou é benéfico para o seu portefólio, no entanto outros 23% considera os mercados emergentes demasiado arriscados.

Uma nota final sobre o tipo de investimento: os fundos que geram maior interesse no nosso país são os que estão relacionados com a Saúde (50%) e as Tecnologias Disruptivas (50%). Os fundos dedicados à Economia de Prata (46%), Sustentabilidade (46%) e Consumo (46%) também são populares.