Investimento

No segundo trimestre de 2022, o investimento total caiu 4,4% em cadeia, devido à falta de perspectivas de crescimento, à subida das taxas de juro, ao aumento dos diferenciais de crédito e ao aumento dos custos de muitos materiais e equipamentos. De então para cá, todos estes elementos se agravaram e há a expectativa de que piorem no próximo ano. Por isso, era muito importante que o investimento público tentasse contrariar esta tendência.

Em 2022, o investimento público era suposto subir 38% em termos nominais mas, até Outubro, só estava 1,7% acima do verificado no período homólogo, ou seja, estava a cair em termos reais. Há a suspeita de que, de novo, o investimento esteja a ser usado como instrumento de controlo das contas públicas. Por isso, não se pode confiar na meta governamental de aumentar o investimento em 37% no próximo ano.

Por um lado, o Governo tem recorrido sistematicamente a cortes no investimento publico para gerir o défice e, por outro, o orçamento para 2023 parte de um cenário macroeconómico demasiado optimista, pelo que é elevada a probabilidade de haver necessidade de executar menos do que o orçamentado em várias rubricas.

Em relação ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), já foi contratado na sua totalidade, 16,6 mil milhões de euros, aprovado na sua maioria (62% do total), mas os pagamentos continuam muito inferiores, apenas 2588 milhões de euros.

Admitindo que o PRR se distribuía de forma uniforme até 2026, a sua despesa anual seria de 3328 milhões de euros e equivaleria a cerca de 28% do investimento total, embora nem todas aquelas verbas possam ser classificadas nesta categoria.

Quer em termos conjunturais quer em termos estruturais, atrasos no PRR prejudicam a economia, mas, no actual contexto de forte subida de preços, quanto mais tarde este programa for executado menos investimento financiará. Aliás, sublinhe-se que o PRR está fixo em termos nominais e que representava 8% do PIB de 2021, mas apenas 6,7% do PIB de 2023 e menos ainda do que será o PIB nominal de 2026.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.