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Investimento de mais de 160 milhões na canábis medicinal em Portugal cria 750 postos de trabalho

O negócio a que chamam ‘ouro verde’ já tem quatro ‘players’ em Portugal e as previsões apontam para a criação de 750 novos postos de trabalho.
12 Abril 2019, 09h00

Atualmente, o negócio da canábis medicinal está avaliado em cerca de 200 mil milhões de dólares (cerca de 174 mil milhões de euros) e já existem quatro empresas a plantar aquilo a que muitos chamam ‘ouro verde’ em solo português.

Em Portugal, foram investidos, até à data, 160 milhões de euros, mas este valor pode vir a aumentar depois do acordo entre os investidores da Terra Verde ser finalizado, segundo apurou o JE. Ao todo, serão criados 750 novos postos de trabalho que variam desde a mão-de-obra agrícola à especializada (farmacêuticos, biólogos e engenheiros químicos), segundo avança o Jornal Económico esta sexta-feira (acesso pago).

A legalização do uso de canábis para fins medicinais foi aprovada em junho de 2018 e a regulamentação publicada em Diário da República a 15 de janeiro de 2019. A regulamentação estabelece que o cultivo, fabrico e comércio da canábis para fins medicinais só pode ser feito depois de autorização do Infarmed, que deve ser atualizada todos os anos.

A primeira a obter a autorização de produção foi a Sabores Púrpura, sediada em Coimbra, mas com duas plantações em Tavira. Em declarações ao JE, a empresa que iniciou atividade em 2012 “prevê um investimento global do projeto de cerca de 100 milhões de euros, tendo já sido consideradas neste investimento as novas regulamentações relativas a medicamentos à base de canábis”. Além disso, o CEO da empresa, Miguel Pereira da Silva confirmou ao JE a abertura de 400 novos postos de trabalho.

Com sede em Sintra, a RPK Biopharma, subsidiária do grupo Holigen, vai instalar a sua primeira fábrica em Aljustrel, num terreno de 72 hectares, depois de 18 meses a estudar o negócio. Segundo a imprensa internacional e local, depois de obter a licença por parte da Infarmed para a produção de mais de 500 mil quilos por ano de canábis, o grupo investiu 40 milhões de euros na nova fábrica e prevê a abertura de 150 novos postos de trabalho. A canadiana Flowr detém 19% do projeto.

Também canadiana é a Tilray, a empresa de Brendan Kennedy, fundada em 2010, que investiu 20 milhões euros na sua primeira fábrica em Cantanhede, cuja abertura está prevista para 24 de abril. A unidade tem uma extensão de mais de 70 mil metros quadrados e vai contratar 200 novos trabalhadores. Um deles é Jaime Gama, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de António Guterres, que será o consultor de produção de canábis da Tilray.

A Terra Verde completa o quarteto da ‘erva’, tendo começado a produção da planta em 2014, em Setúbal. O projeto de investimento da Terra Verde, no Montijo, ainda não tem um “formato concluído”, dado estar a decorrer a negociação com os seus futuros sócios estrangeiros, soube o JE junto de fontes que acompanham estas negociações. No entanto, a unidade da Terra Verde já dispõe das infraestruturas para o início da produção de canabinóides destinados a serem utilizados pela indústria farmacêutica.

O ex-ministro e fundador do PSD, Ângelo Correia, entrou recentemente no capital deste projeto, tendo adquirido uma participação de 40%. O JE sabe que o valor total deste investimento ainda não está decidido, mas poderá ultrapassar duas dezenas de milhões de euros.

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