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Mercados aguardam earnings season nos EUA

Na próxima semana Portugal volta ao mercado para emitir duas linhas de Obrigações do Tesouro (OT) a 6 e 12 anos, com montante indicativo entre os 750 milhões e os mil milhões de euros. A inflação de junho será divulgada. Nos EUA começa a época da divulgação de resultados.
10 Julho 2023, 07h30

Portugal volta aos mercados na quarta-feira com uma emissão de dívida a seis e a doze anos. O IGCP irá leiloar duas linhas de Obrigações do Tesouro (OT), uma com maturidade a 15 de junho de 2029, e outra a vencer a 12 de outubro de 2035.

O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública anunciou em comunicado que vai emitir duas linhas de Obrigações do Tesouro (OT) na próxima semana com montante indicativo entre os 750 milhões e os mil milhões de euros. Esta será a terceira vez este ano que Portugal emite dívida de longo-prazo.

O Verão começou e é normalmente um período mais calmo nos mercados. No entanto, a maratona de resultados de Wall Street começa esta semana e pode manter os índices dos EUA em movimento, refere a corretora XTB.

A earning season de Wall Street relativa aos números do segundo trimestre de 2023 começará esta semana. Como de costume, a maratona será lançada pelos grandes bancos. O Wells Fargo, o JP Morgan e o Citigroup estarão entre os primeiros a divulgar resultados, com os números dos três bancos programados para serem publicados antes da abertura da sessão de Wall Street na sexta-feira. “Resultados sólidos podem ajudar o S&P 500 a retomar os movimentos ascendentes. No entanto, se os relatórios mostrarem que as consequências do SVB foram maiores do que o esperado, as coisas podem azedar”, defende a XTB.

Para além disso, os investidores terão à sua disposição os dados do IPC dos EUA para junho, que deverão mostrar outro abrandamento, bem como a decisão sobre a taxa do Banco do Canadá, adianta a corretora.

O índice de preços do consumidor alemão de Junho será divulgado na terça-feira. Na quarta-feira será a vez do Índice de Preços no Consumidor (IPC) anual de Portugal.

Por falar em subida de preços, os combustíveis vão subir na próxima semana, já a partir desta segunda-feira.

O petróleo teve duas semanas consecutiva de subidas, numa altura em que os cortes anunciados pela Arábia Saudita e pela Rússia parecem estar a surtir efeito no mercado.

 

Semana passada nos mercados

Os principais índices da Europa – DAX, FTSE, CAC 40, IBEX, FTSE MIB, Stoxx 600 e EuroStoxx 50 – fecharam a primeira semana de Julho em terreno negativo, tal como os índices de Wall Street. O português PSI caiu na semana 0,52%, apesar de ter fechado a última sessão da semana a subir 0,28%.

O dia em que se registaram maiores perdas nas bolsas foi na quinta-feira ter depois de ter sido revelado no Relatório Nacional de Emprego ADP (produzido pela ADP Research Institute) que as empresas norte-americanas geraram muito mais emprego que o previsto em Junho, o que levou os investidores a temerem que a subida dos juros pela Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos se ia manter por mais tempo do que o esperado.

A perspetiva de mais subidas das taxas de juro desencadeou o pior dia da bolsa desde o colapso do Credit Suisse, na passada quinta-feira. Os juros das dívidas soberanas também se agravaram na quinta-feira na Zona Euro e nos Estados Unidos num dia em que os investidores deram como certo que a Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos deverá continuar a subir as taxas de juro, podendo ir mais longe do que o esperado.

Esses dados robustos do mercado de trabalho dos EUA de quinta -feira que não se confirmaram na sexta-feira motivaram um novo realinhamento de expectativas para os próximos movimentos da Fed e BCE.

Mas o mercado de trabalho norte-americano, na sexta-feira, acabou por revelar que a economia dos EUA criou 209 mil empregos em junho quando o mercado esperava 230 mil. O indicador ficou abaixo da previsão consensual e abaixo dos 306 mil em maio (revisto em baixa de 339 mil), de acordo com o Gabinete de Estatísticas do Trabalho dos EUA. A taxa de desemprego, entretanto, desceu para 3,6%, depois de ter registado 3,7% no mês anterior.

A primeira reação de mercado foi positiva, uma vez que acalmou receios de que um forte nível de contratações possa atrapalhar a tão desejada descida da inflação e justificar atitudes mais agressivas de política monetária dos EUA.

Ainda assim, apesar de os dados oficiais do emprego terem ficado abaixo das expectativas, o mercado está a dar como certo que o banco central dos Estados Unidos vai voltar a subir os juros na reunião deste mês, após ter mantido as taxas inalteradas no último encontro.

No que toca às moedas, o euro subiu 0,53% face ao dólar na semana passada.

 

Mercados financeiros em Junho e Perspectivas para Julho, da Forste

Na sua análise aos mercados financeiros em Junho e às perspectivas para Julho, a Forste diz que “apesar da pausa da Fed em Junho e de sinais de que o BCE também está próximo do seu objectivo, os bancos centrais geriram as expectativas dos investidores para esperarem mais subidas de taxas pelo segundo mês consecutivo. Nos EUA haverá pelo menos mais um aumento, possivelmente dois. Na Europa o aumento de Julho é certo e um segundo depois do Verão também é quase assegurado”.

“O mercado de obrigações reflecte isto ao longo da curva de rendimentos, mas o mercado acionista aceita como um sinal de que a economia está robusta e que as empresas continuarão a apresentar bons resultados”, acrescenta a Forste.

“Nos EUA, a Fed actualizou a sondagem sobre as expectativas dos seus membros para o final do ano, e o maior consenso está num cenário de mais duas subidas. Os mercados, no entanto, ainda não acreditam plenamente na segunda subida. Já na Europa as taxas actuais de 3,5% devem subir até aos 4%. O mercado de futuros já incorpora esse cenário quase a 100%”, revela a Forste.

A consultora de investimento adianta ainda que a inclinação da curva de rendimentos nos Estados Unidos está cada vez mais negativa. Atualmente as taxas de juro soberanas a dois anos estão 1% acima das taxas a 10 anos, o que pode antecipar uma recessão nos EUA.

No mercado de ações o prémio de risco continua a reduzir-se, destaca a Forste.

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