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Irão apela aos Estados Unidos para que se apressem nas negociações

Ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano disse que as negociações podem ficar mais difíceis se os norte-americanos tiverem que lidar com o substituto de Hassan Rohani.
Iran’s President Hassan Rouhani casts his ballot during the presidential election in Tehran, Iran, May 19, 2017. President.ir/Handout via REUTERS ATTENTION EDITORS – THIS PICTURE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. FOR EDITORIAL USE ONLY. NO RESALES. NO ARCHIVE.
15 Março 2021, 17h55

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif, pediu esta segunda-feira aos Estados Unidos que reintegrem rapidamente o acordo internacional que limita as ambições nucleares da república islâmica, alertando para que as próximas eleições podem impedir o progresso das negociações. Em causa está a substituição do moderado Hassan Rohani no cargo de presidente – que já está decidida – por alguém da linha dura.

Segundo a imprensa, o novo homem forte do Irão – a seguir ao aiatola Khamenei – pode ser Hossein Dehghan, conselheiro militar de Khamenei e ele próprio um militar que integrou a temível Guarda Revolucionária do Irão, força na qual serviu durante muito tempo antes de se tornar ministro da Defesa do presidente Hassan Rohani. Dehghan pode vir a ser o primeiro militar desde a revolução islâmica de 1979 a chegar à condição de presidente, o segundo posto mais importante da nação.

“Um governo fraco não será capaz de fazer nada sério. E então teremos um período de espera de quase seis meses. Não teremos um governo antes de setembro”, disse Zarif numa conferência online com o Centro de Estudos Europeus em Bruxelas. “Muita coisa pode acontecer entre agora e setembro. Portanto, é aconselhável que os Estados Unidos se movam rapidamente”, disse.

Rohani é um clérigo relativamente moderado que, à frente do governo teocrático do Irão, esteve sempre do lado dos que apoiavam o acordo. Mesmo que para isso se tenha incompatibilizado politicamente com vários outros personagens. Ainda em dezembro passado, o parlamento do Irão aprovou um projeto de lei exigindo que o governo limite a sua cooperação com os inspetores da Organização das Nações Unidas e da Agência Internacional de Energia Atómica – o que foi claramente contra a forma como Rohani estava a gerir o controverso assunto..

O Irão acredita que os Estados Unidos, como país que desistiu do acordo de 2015, deve dar o primeiro passo para regressar ao debate e sem apresentar qualquer pré-condição. “Estamos prontos para voltar imediatamente depois de os Estados Unidos voltarem a implementar o acordo. É tão simples quanto isso”, disse Zarif. O ministro acrescentou que ainda não viu novas propostas dos Estados Unidos: “Até agora, este governo não fez nada diferente do governo Trump”.

As sanções impostas a Teerão deixaram o país fora dos mercados financeiros internacionais e impedem a venda de petróleo bruto ao exterior – algo que o Irão tem tido dificuldade em rodear. A economia do Irão entrou em colapso, com a inflação sem controlo e a moeda, o rial, muito desvalorizada. Para piorar tudo, o país foi fortemente atacado pela pandemia de Covid-19.

“Estamos a vender gás e eletricidade ao Iraque, mas os Estados Unidos não permitem que os Iraque nos paguem. E precisamos muito dessas verbas para combater a pandemia, para a vacina, para alimentos”.

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