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“Iremos acelerar o programa de financiamento”, diz Cristina Casalinho

“Neste momento o que podemos dizer em Portugal é exatamente a mesma coisa [que Espanha], iremos acelerar o programa, dentro das necessidades existentes”, sublinhou a presidente do IGCP à Rádio Observador, chamando atenção para a divulgação, na próxima semana, do programa de financiamento para o segundo trimestre.
  • Cristina Bernardo
26 Março 2020, 12h05

Portugal vai acelerar o programa de emissão de dívida pública, em linha com o que já foi feito por Espanha e outros paises europeus, afirmou esta quinta-feira Cristina Casalinho, presidente do Instituto de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) , sinalizando que essa reação ao impacto da pandemia do Covid-19 nas contas públicas poderá ser anunciado já na próxima semana, no programa de financiamento para o segundo trimestre.

Em entrevista à Rádio Observador, Casalinho referiu que “neste momento os planos são de manter o programa de financiamento ajustado às novas necessidades de financiamento, mas sobretudo seguindo aquilo que tem sido o exemplo de outros países neste momento dada a incerteza sobre as necessidades que a pandemia vai implicar nos orçamentos europeus, estamos sobretudo a pensar numa aceleração dos programas e ajustar ao longo do ano e ajustar para as necessidades que vão surgindo”.

Questionada sobre se Portugal vai alterar o calendário, a presidente do IGCP disse que “o que está publicado neste momento ainda se mantém”, mas chamou atenção para o facto que “na próxima semana vai ser publicado o novo programa de financiamento para o próximo trimestre, portanto nessa altura serão publicadas as alterações que forem consideradas adequadas”.

“O que as agências de gestão de dívida estão a fazer neste momento de incerteza é por enquanto ainda não alterarem significativamente os seus programas, à excepção por exemplo da Alemanha que já anunciou mais 100 mil milhões de financiamento que vão ter de ser executados, as outras não foram tão taxativas”, explicou.

Casalinho recordou o exemplo de Espanha que esta terça-feira fez uma emissão dívida. A agência espanhola disse ainda não tinha condições para fazer uma alteração formal do programa, mas comunicou ao mercado que está a acelerar o programa de financiamento.

“Neste momento por enquanto o que nós podemos dizer em Portugal é exatamente a mesma coisa, iremos acelerar o programa, dentro das necessidades existentes”, sublinhou Cristina Casalinho.

Questionada sobre se a pandemia vai forçar uma subida do rácio da dívida pública em Portugal, como aconteceu em 2008, a presidente do IGCP disse que é impossível afirmar isso ainda.

“O que sabemos é que temos dois tipos de choque, da mesma forma que tívemos em 2008, que são choques na atividade económica e que vão reduzir a base da economia e portanto quando estamos a avaliar o rácio da dívida em percentagem do PIB vamos ter o PIB a cair, e simultâneamente vamos ter os défices a aumentar, portanto vamos ter dois choques igualmente adversos, quer no numerador, quer no denominador”, explicou.

“A única diferença que deve ser salientada na crise atual é que enquanto em 2008 e 2009 houve um choque assimétrico, ou seja, houve economias que sentiram a crise de uma forma particularmente aguda, no atual quadro vemos que a crise é um choque simétrico e todas as economias estão a sentir da mesma forma”, adiantou.

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