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Israel ainda em crise: Netanyahu e Gantz adiam novo governo

À novela do acordo entre os dois maiores partidos israelitas – que durou um ano – sucede agora a novela da formação do governo. Os dois líderes não conseguem entender-se e um governo tarda em aparecer.
REUTERS/Dan Balilty
14 Maio 2020, 20h21

Ainda não é desta que um governo de unidade nacional que encerrará 500 dias de bloqueio político em Israel verá a luz do dia: quando a sessão do Knesset (Parlamento) estava prestes a começar esta tarde, precisamente para votar o novo gabinete, o primeiro-ministro interino, Benjamin Netanyahu e seu parceiro de coligação, Benjamin Gantz, anunciaram o adiamento do ato pelo menos até domingo.

A luta de última hora – ultrapassada que parece estar a crise anterior, que tinha a ver com as acusações contra Netanyahu a correrem nos tribunais – tem a ver com o Likud, partido do primeiro-ministro, que não parece estar pelos ajustes com a coligação, que o levará a perder diversos postos de controlo que assume há décadas.

Ambos concordaram em formar um executivo de emergência para enfrentar a pandemia de coronavírus, que em Israel teve para já consequências limitadas para a saúde – cerca de 16.500 infectados e 264 mortes – mas que afetou fortemente a economia e fez com que a taxa de desemprego disparasse para mais de 25%.

Para acomodar todos os parceiros da coligação – pelo menos seis partidos, além de alguns deputados separados das suas listas – o pacto entre Netanyahu e Gantz aumentou o número de ministros para 36, ​​mais 16 vice-ministros, o que fará surgir o maior executivo em 72 anos de história do país.

Mas mesmo assim os lugares não chegam para todos – apesar de as duas partes terem acordado uma espécie de divisão no interior dos ministérios, para acomodar os membros do Likud e os seus adversários da aliança Azul e Branca (de Gantz), a que se acrescentam ainda representantes do histórico Partido Trabalhista. Vários ex-ministros cessantes anunciaram que boicotariam a sessão do Knesset se não permanecessem no cargo.

Para os analistas, o novo governo não só começa mal, como dá mostras de nunca vir a funcionar: as clivagens no interior dos ministérios certamente impedirão o seu normal funcionamento e mais tarde ou mais cedo bloquearão as decisões políticas.

Resultado: ninguém acredita que o governo seja minimamente eficaz, numa altura em que o país mais precisa de decisões na frente económica, que relancem Israel no desenvolvimento.

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