O Governo de Benjamin Netanyahu disse este domingo que vai retirar tropas do sul da Faixa de Gaza – numa aparente tentativa de reduzir a pressão militar sobre uma zona que tem sido sistematicamente martirizadas pelos combates nas últimas semanas. A pressão internacional parece assim estar a surtir algum, depois de uma série de países – entre eles a Espanha, um dos mais empenhados – ter acusado o primeiro-ministro de estar por trás das mortes de sete estrangeiros associados a uma ONG que está no terreno a auxiliar os palestinianos.
Vale a pena recordar que um alto quadro da ONU não se esqueceu de afirmar com muita propriedade que estes países só decidiram aumentar a pressão sobre Netanyahu depois de estes cidadãos de outras nacionalidades terem sido mortos. De facto, disse, esse ‘levantamento’ internacional só se deu depois de mais de 32 mil palestinianos terem encontrado o mesmo destino dos sete mortos estrangeiros – o que na sua opinião, evidentemente, não abona em favor dos que agora se queixam de forma tão audível.
O exército israelita diz que concluiu mais uma etapa na preparação para uma possível guerra em sua frente norte com o Líbano e a Síria e que foi concluída outra fase da prontidão do comando norte para a guerra. Esta referida fase foi focada em “armazenamentos operacionais de emergência para uma ampla mobilização” de tropas israelitas quando necessário, disseram os militares em comunicado intitulado Prontidão para a Transição da Defesa para a Ofensiva, citado pelos jornais do país.
Recorde-se que Hezbollah e Israel estão em combate no sul do Líbano desde 8 de outubro, um dia após o ataque do Hamas. Nos últimos meses, a intensidade e a frequência dos ataques transfronteiriços aumentaram, assim como os receios de uma outra frente de guerra. Fica por saber-se se a desmobilização das tropas no sul de Gaza terá ou não a ver diretamente com a mobilização para a fronteira com o Líbano.
Entretanto, e de acordo com um comunicado do governo egípcio, o presidente do país, Abdel Fattah el-Sisi, e o diretor da CIA, William Burns, que está no Cairo, enfatizaram “a necessidade de intensificar os esforços para parar a escalada militar” no enclave de Gaza. El-Sisi alertou contra as “repercussões da escalada na paz e na estabilidade regionais” à medida que a guerra entra no sétimo mês, acrescentava o comunicado.
El-Sisi pediu mais esforços para permitir o fluxo de ajuda humanitária para todas as áreas da Faixa de Gaza, a fim de enfrentar a catástrofe humanitária que ali se vive. Sobre essa matéria, o secretário-geral da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV), Jagan Chapagain, disse nas redes sociais que a situação em Gaza está “desesperada e a piorar” à medida que a guerra completa seis meses. ” Seis meses depois, reitero o meu apelo para um acesso sem entraves para a ajuda em e para todas as partes da Faixa de Gaza – incluindo o norte”, disse. “Desde o início do conflito, a FICV perdeu 18 membros, quinze do Crescente Vermelho Palestiniano e três de Mdais (Magen David Adom). Estas mortes são devastadoras e inaceitáveis. Seis meses é um marco terrível. É preciso refletir e exigir mudanças”.
Por outro lado, crescem as preocupações com o que poderá passar-se entre Israel e o Irão. O ministro israelita da Defesa, Yoav Galant, disse que o país está totalmente preparado para qualquer cenário contra a república islâmica. Gallant disse este domingo que a defesa de Israel concluiu uma avaliação da situação atual e está pronta para responder a qualquer cenário contra o Irão. Galant esteve durante o fim-de-semana em encontros com Oded Basyuk, comandante do Departamento de Operações, e Aharon Halifa, comandante da Agência de Inteligência Militar das forças de defesa, as IDF. Recorde-se que, há uma semana, o prédio do consulado do Irão na capital síria, Damasco, foi alvejado, matando sete membros da Guarda Revolucionária (IRGC), entre eles dois comandantes de alta patente, Mohammad Reza Zahedi, comandante da Força Quds na Síria e no Líbano, e Mohammad Hadi Haji Rahimi, seu vice-comandante.
Yahya Rahim Safavi, ex-comandante do IRGC e conselheiro do aiatola Khamenei, líder supremo do Irão, ameaçou que nenhuma embaixada israelita em qualquer lugar do mundo está agora segura. E disse que qualquer retaliação “é um direito legítimo”. Mohammad Hossein Bagheri, chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas do Irão, disse no funeral de Zahedi, este domingo, que a vingança contra Israel é certa e será realizada “com o máximo de dano ao inimigo”.
Mas nem todos estão tão apressados em ‘correr’ contra Israel. Alguma imprensa iraniana dá conta de que várias outras autoridades da república islâmica usaram um tom conservador para pedir paciência estratégica contra Israel. Hassan Hemmati, membro da Comissão de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento, disse que Israel já havia recebido parte da resposta do Irão durante a operação do Hamas de 7 de outubro. “As autoridades relevantes implementarão a sua decisão no devido tempo e responderão decisivamente ao ataque”, acrescentou. Hossein Jalali, outro deputado e figura da linha dura da partido Frente Perseverança, declarou que “não é conveniente que o Irão entre abertamente na guerra”. E acusou Israel de tentar arrastar o país para a guerra “aberta e direta”. “Responderemos proximamente por meio dos nossos grupos a Israel”.
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