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Israel: Hamas sinaliza possibilidade de acordo sobre os reféns

O governo de Netanyahu terá ficado pouco agradado com o facto de os Estados Unidos terem deixado passar uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que exige um cessar-fogo imediato.
26 Março 2024, 07h30

Depois da derrota da passada sexta-feira e da vitória desta segunda-feira – com o Conselho de Segurança a fazer passar uma resolução que tinha sido rejeitada na semana passada – o Hamas sinalizou a hipótese de aproximar as suas reivindicações para um cessar-fogo daquilo que Israel considera linhas vermelhas que não ultrapassará.

O Hamas agradeceu ao Conselho de Segurança da ONU por ter conseguido aprovar uma resolução que exige um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza, pedindo “um cessar-fogo permanente que leve à retirada de todas as forças sionistas da Faixa de Gaza e ao regresso dos deslocados às casas de onde saíram”.

Em comunicado publicado online, o grupo também diz que está disposto “a envolver-se num processo imediato de troca de prisioneiros que leve à libertação de presos de ambos os lados”. Esta declaração levou os analistas a afirmar que o Hamas está mais flexível na questão dos reféns que mantém algures – o que pode abrir as portas a um esforço idêntico da parte dos israelitas.

O comunicado do grupo islâmico acrescenta que a pausa nos combates é necessária para “enterrar os nossos mártires, que permaneceram sob os escombros há meses” e para o acesso a “necessidades humanitárias”. “O Hamas pede ao Conselho de Segurança que pressione o país ocupante a aderir ao cessar-fogo e parar a guerra de genocídio e limpeza étnica contra o nosso povo”, diz ainda o comunicado – que finaliza exigindo a criação de um Estado palestiniano – outra ‘linha vermelha’ que Israel neste momento recusa aceitar.

Mas, no terreno, as informações que chegam são de que nada mudou. Philippe Lazzarini, chefe da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), disse que Israel informou a organização que não aprovará mais comboios de alimentos para o norte de Gaza.

A medida ocorre no meio dos esforços das Forças de Defesa de Israel (IDF) para fechar e encontrar alternativas à agência da ONU, depois de Telavive acusar mais de uma dezena de funcionários da organização de estavam envolvidos na ofensiva do Hamas de 7 de outubro.

“Isso é ultrajante e torna intencional obstruir a assistência que salva vidas durante uma fome causada pelo homem. As restrições devem ser suspensas”, disse Philippe Lazzarini. Recorde-se que o maior doador da UNRWA, os Estados Unidos, e vários outros países suspenderam os financiamentos à agência – mas alguns países, incluindo o Canadá, Austrália e Suécia, já voltaram a auxiliar o seu funcionamento.

A UNRWA foi criada em 1949 após a guerra em torno da fundação de Israel, quando 700 mil palestinianos fugiram ou foram expulsos das suas casas – na sequência do ataque da Liga Árabe ao país recentemente constituído. A organização emprega cerca de 30 mil palestinianos, que trabalham na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em vários campos na Jordânia, Síria e Líbano.

Certamente pouco agradado com a resolução do Conselho de Segurança – que os Estados Unidos não bloquearam – o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, decidiu ‘retaliar’ e cancelou um encontro com representantes norte-americanos que, em nome do seu governo, deveriam encontrar-se com membros do Estado hebraico para debater a situação atual em Gaza. Segundo os jornais israelitas, a decisão de Netanyahu surge para mostrar que o executivo não gostou de ver os norte-americanos a permitirem que o Conselho de Segurança aprove uma resolução ‘antipática’ para Israel.

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