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Israel: Netanyahu faz passar acordo com os EAU no Knesset

Benjamin Gantz, ministro da Defesa e ex-líder da oposição ao primeiro-ministro, deu os parabéns a Netanyahu pelos acordos conseguidos. Os partidos israelitas de maioria árabe estão totalmente contra.
  • Atef Safadi/Reuters
15 Outubro 2020, 17h30

O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu apresentou no parlamento (Knesset) o acordo de normalização diplomática com os Emirados Árabes Unidos, durante o qual teve de deixar claro que não há clausulas escondidas nem intenções disfarçadas no âmbito do plano assinado na Casa Branca há um mês.

“O acordo não abre mão de nenhum território. Esta é a paz entre as nações, com um enorme componente económica”. Mas, um dia depois de as anexações de território na Cisjordânia voltam à agenda política, o primeiro-ministro não convenceu a Lista Conjunta (onde estão concentrados os partidos árabes) das virtudes do acordo. “Vocês não querem uma paz verdadeira, querem uma miragem da paz onde Israel se desintegre e desapareça”, acusou Netanyahu.

Os parlamentares da Lista Conjunta (formada pelos partidos Balad, Hadash, Ta’al e Lista Árabe Unida – votaram contra o acordo, tendo uma das suas líderes, Aida Touma-Sliman, afirmado que “o acordo com os Emirados Árabes Unidos é parte do ‘acordo do século’, que visa acabar com a luta contra a ocupação e com as perspetivas de fundação de um Estado palestiniano”.

“A aliança entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, sob os auspícios norte-americanos, não é uma boa notícia – nem para os palestinianos, nem para os israelitas, nem para a região. A paz só virá quando a ocupação terminar”, disse.

Além dos acordos com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, Netanyahu disse no Knesset que “faremos acordos com outras nações, fortaleceremos o pacto dos moderados e ainda acredito que os palestinianos um dia” vão aceitar o esforço conjunto de Israel e dos Estados Unidos.

Netanyahu também falou sobre as recentes conversações com o governo do Líbano – “onde o Hezbollah continuar a ser o governo de facto” – para enfatizar a tentativa de os dois lados da fronteira (que não é pacífica) encontrarem um compromisso relativo às águas territoriais no Mediterrâneo. É um primeiro passo, disse.

Na sua intervenção, o ministro da Defesa, Benny Gantz – líder da oposição a Netanyahu até ter acordado uma coligação conjunta – também elogiou o acordo e deu os parabéns a Netanyahu por “escolher seguir o caminho certo”. Gantz pediu o fortalecimento dos laços com a Jordânia e o Egipto – que considera ser a prioridade, em detrimento de outros acordos com países da Península Arábica. Mas também com com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas – que chegou a ter conversas previstas com Israel a propósito da luta conjunta contra a pandemia, mas sem qualquer conclusão.

Netanyahu revelou que Israel espera receber uma delegação dos Emirados Árabes Unidos a 20 de outubro próximo. Os ministros das Finanças e da Economia dos Emirados estarão presentes na delegação para promover investimentos, acordos na área da aviação, ciência e tecnologia e para a troca de embaixadas com Israel. O príncipe herdeiro dos Emirados Árabes Unidos não deve fazer parte da delegação, apesar de ter sido convidado diretamente pelo presidente de Israel, Reuven Rivlin. Em agosto, uma delegação israelita deverá deslocar-se a Abu Dhabi.

Os acordos de normalização diplomática com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein são conhecidos como Acordos de Abraão.

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