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Israel: oposição contesta opções militares de Benjamin Netanyahu

Num contexto em que o primeiro-ministro está a ser fortemente contestado por não fazer regressar os refugiados do cativeiro imposto pelo Hamas, dois ex-líderes das forças de defesa ‘destruíram’ a argumentação oficial sore o Corredor de Philadelphi.
Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu speaks during a ceremony to show appreciation to the health sector for their contribution to the fight against the coronavirus disease (COVID-19), in Jerusalem June 6, 2021. REUTERS/Ronen Zvulun
4 Setembro 2024, 07h30

Desde a morte de mais refugiados que ainda estavam nas mãos do Hamas que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, está a ser fortemente contestado. Primeiro nas ruas – e apesar dos seus pedidos de perdão – e agora por parte de Benny Gantz e Gadi Eisenkot, dois ex-chefes do exército. Pertencendo agora à oposição parlamentar (no Knesset), mas tendo o primeiro feito parte do gabinete de crise formado por Netanyahu depois dos atentados de 7 de outubro, ambos quiseram deixar claro que a insistência do governo em não abrir mão do Corredor de Philadelphi faz pouco sentido militar e é uma linha vermelha que vale a pena deixar cair.

O corredor é a fonteira entre a Faixa de Gaza e o Egipto – ou seja, em teoria é território palestiniano e não israelita – mas o governo de Netanyahu, fortemente pressionado pelos extremistas radicais que continuam a fazer parte da coligação que mantém o executivo, não abre mão da sua posse.

Gantz, que lidera o Partido da Unidade Nacional, e Eisenkot, um parlamentar do partido, defenderam um acordo de reféns que passe pela retirada das tropas israelitas do corredor, refutando as alegações de Netanyahu sobre a matéria. A teoria dos líderes partidários é que Israel deve abandonar o corredor – como querem tanto o Hamas como o próprio governo do Egipto – mas manter foco na observação dos movimentos fronteiriços e ali retornar, se for caso de haver evidências dessa necessidade. De qualquer modo, dizem, se essa é a única forma de promover o regresso dos reféns, o governo deve aceitar.

A decisão está nas mãos do governo, como esteve sempre, que tem também sido pressionado pelos negociadores do Qatar, Egipto e Estados Unidos para aceitar sair do corredor. Mas há ainda o problema do corredor que atravessa Gaza, de norte para sul, e que os israelitas também não querem abrir – o que quer dizer que não estão dispostos a abandonar o território.

Gantz foi chefe de gabinete das forças de defesa de Israel (IFD) de 2011 a 2015, tendo sido substituído por Eisenkot, que ocupou o cargo até 2019. Os dois fizeram parte do gabinete de guerra até junho, quando a Unidade Nacional se retirou da coligação de governo para protestar contra a forma como Netanyahu lidou com todo o processo.

Entretanto, Benjamin Netanyahu está perto de regressar aos Estados Unidos no final deste mês para fazer um discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, segundo avança o jornal israelita “The Times of Israel”. Tal como já sucedeu antes, o primeiro-ministro de Israel estará presente na 79ª sessão da organização, que decorre em Nova Iorque em 26 de setembro. Segundo o jornal, Netanyahu reunirá com vários líderes mundiais à margem da cimeira da ONU.

Recorde-se que Netanyahu esteve em Washington no final de julho para reuniões de alto nível com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Mas também aproveitou para se encontrar com o candidato presidencial republicano, Donald Trump – o que não terá agradado aos democratas. Desde então, as tensões entre as duas capitais têm-se mantido em alta, como afirmam os analistas de ambos os lados. Mesmo assim, no seu discurso na convenção democratas de há dias, a candidata Kamala Harris deu mostras de estar totalmente alinhada com o apoio a Israel. Mesmo assim, no início desta semana, Biden pareceu mostrar exasperação com Netanyahu, pela incapacidade de chegar a um cessar-fogo e a um acordo, como o regresso dos reféns, dizendo que o líder israelita não estaria a fazer o suficiente para o fazer.

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