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Israel: partido do primeiro-ministro duvida das vitórias em Gaza

É uma grande reserva da parte de onde ela era menos esperada: um deputado do Likud afirma que as ações militares em Gaza pouco afetaram a capacidade do Hamas. Entretanto, a Câmara dos Deputados do Congresso norte-americano quer adotar uma estranha resolução!
Lusa
2 Julho 2024, 07h30

Contradizendo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o deputado Amit Halevi – do mesmo partido, o Likud – disse, em declarações ao canal do Knesset, o parlamento, que “os resultados em Gaza são muito maus, são muito pobres. As forças de defesa de Israel (IDF) quase não fizeram nenhuma conquista estratégica na Faixa de Gaza”, o que aparentemente coloca em causa a própria narrativa do profundo abalo infligido à estrutura do Hamas – sendo certo que essa foi uma das motivações da investida sobre o enclave.

Halevi foi ainda mais longe, dizendo que a responsabilidade por esse fracasso é dos militares e do governo, embora o deputado detalhe o lado militar como o principal responsável pelo que considera ser um fracasso. “O governo estabeleceu metas – a eliminação das capacidades militares e de governo do Hamas – e as IDF criaram um plano que não pode cumprir essas metas”, disse, instando o chefe do Estado-Maior das IDF, Herzi Halevi, a “repensar e apresentar um plano diferente”.

O deputado do Liked afirma ainda que, se o mesmo tipo de abordagem for gizado para combater a ameaça representada pelo Hezbollah (no Líbano), estará em perspetiva um novo fracasso das mesmas dimensões.

Entretanto, algo de tremendamente insólito aconteceu nos Estados Unidos. Na semana passada, a Câmara dos Representantes – a câmara baixa do Congresso – aprovou uma emenda para impedir que o Departamento de Estado divulgue números de mortos do conflito na Palestina que sejam da responsabilidade do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza. Segundo a imprensa norte-americana, os deputados votaram favoravelmente a emenda por 269 votos contra 144, com 62 democratas a juntarem-se a 207 republicanos. O projeto precisa de passar pelo Senado, mas a deputada Rashida Tlaib, a única palestino-americana no Congresso, disse à Câmara que é “nojento” que os deputados apoiem o projeto de legislação.

“É a negação do genocídio”, disse. “Os meus colegas querem proibir as nossas próprias autoridades de, sequer, citar o número de mortos palestinianos. Permitam-me, pois, que o leia para registo: aqui estão as últimas vítimas palestinianas mortas: 37.718, incluindo mais de 15 mil crianças e mais de 86.377 feridos”, disse Tlaib, citando números do Ministério da Saúde de Gaza – que indicam os nomes dos mortos e citam contagens de grupos internacionais no terreno.

Israel é acusado de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça, cuja última decisão ordenou que Telavive interrompesse imediatamente as operações militares na cidade de Rafah, no sul do país, onde mais de um milhão de palestinianos buscaram refúgio, seguindo indicações do próprio exército israelita. Evidentemente que Israel não cumpriu a ordem do tribunal.

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