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Itália: direita quer eleições, esquerda diz que tem maioria para governar

O presidente Sergio Mattarella continua a receber os partidos políticos italianos, mas já percebeu que está perante uma divisão que não parece ser possível ultrapassar. A decisão deverá ainda demorar alguns dias a surgir.
29 Janeiro 2021, 17h40

O presidente italiano, Sergio Mattarella, tem em mãos decidir o que fazer do futuro imediato perante a crise política que se abateu sobre os transalpinos depois da demissão do primeiro-ministro Giuseppe Conte – e, como possivelmente calculava, tem nas mãos um país dividido: a direita (e a extrema-direita) querem avançar sem demora para novas eleições, e o centro-esquerda quer provar que tem uma maioria capaz de sustentar um novo governo.

No meio das audições que Mattarella tem vindo a fazer desde esta quinta-feira – e que por esta altura continuam a decorrer – Matteo Salvini, presidente da Liga, ex-ministro do Interior e personagem que ‘descobriu’ Giuseppe Conte, foi definitivo: “devemos seguir sem demora para eleições, é isso que os italianos querem”, disse aos jornais italianos. O grupo que se encontrou com Mattarella era compostos por Salvini, Giorgia Meloni (Irmãos de Itália), Antonio Tajani (Força Itália) e ainda representantes da Nós com a Itália, do Cambiamo e da União dos Democratas-Cristãos e do Centro (UDC).

No final, Salvini disse que “pedimos ao presidente Mattarella que dissolvesse as câmaras e avaliasse eleições”. Sublinhámos  que não podemos avançar com esta maioria”.

Parte desta maioria foi recebida na quinta-feira, e Matteo Renzi, líder do Itália Viva e ex-primeiro-ministro, teve oportunidade de deixar duras críticas a Giuseppe Conte – não contando aparentemente com ele para liderar um novo governo – e salientar que o centro-esquerda conseguirá por certo reunir uma maioria que impeça a necessidade de eleições antecipadas.

Nesse mesmo sentido vai também o Movimento 5 Estrelas (M5S) – que está com o presidente neste momento – e que tem dito também que não é a favor de mais um ato eleitoral, que considera pernicioso para os interesses do país, a braços com uma crise económica que, com o créscimo de uma crise política duradoira, pode tomar proporções gigantescas.

À margem destas consultas de Sergio Mattarella, Renzi está a promover um encontro entre o seu partido, o M5S e o Partido Democrático (de que também já foi líder, tendo sido primeiro-ministro em sua representação), para dar a entender que, de facto, há uma maioria de centro-esquerda que pode, se for caso de o presidente assim o entender, suportar mais um governo sem o recurso a novas eleições. “Primeiro temos de reunir e só depois discutiremos nomes”, disse Renzi, quando questionado sobre quem seria o primeiro-ministro desta nova possível coligação.

O problema é que mesmo sem estar formalizada, esta coligação pode nem sequer chegar a surgir. É que no M5S há um extenso grupo de 40 deputados da câmara baixa (em 222) formaram uma tendência que recusa qualquer novo entendimento com Renzi, alegando que o ex-primeiro-ministro persegue uma agenda própria que não se coaduna com qualquer coligação.

De qualquer forma, para os analistas, o problema é uma dificuldade para Sergio Mattarella e pode demorar alguns dias a ser encontrada uma solução. Enquanto ela não aparece, Bruxelas não terá noites descansadas.

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