O SITEMA – Sindicato dos Técnicos de Aeronaves é a mais recente organização sindical e de trabalhadores a criticar o processo de reestruturação em curso na TAP.
Num comunicado divulgado hoje, dia 18 de novembro, o SITEMA avisa que, “a tal reestruturação [na TAP], que ainda nem começou, já começa a fazer estragos neste conjunto de técnicos altamente especializados, que constituem mão-de-obra altamente qualificada e, por isso, importante, tanto para a empresa como para o país”.
Nos últimos dias, diversos sindicatos de trabalhadores da TAP têm criticado a posição da administração da TAP em relação ao processo de reestruturação da companhia aérea nacional, que tem de ser apresentado na Comissão Europeia até 10 de dezembro próximo, e sobre o qual dizem desconhecer os detalhes.
Entre essas organizações sindicais e de trabalhadores contam-se já o SITAVA – Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e dos Aeroportos, a comissão de trabalhadores da Groundforce, mais uma plataforma que representa cerca de uma dezena de sindicatos da companhia aérea nacional.
“Lamentavelmente, a TAP já procedeu à dispensa de uma parte destes nossos colegas que se encontram agora numa situação de desemprego – alguns já foram entretanto contratados por empresas concorrentes da TAP- o SITEMA tudo fez, e continuará a fazer, para reverter esta situação”, assegura a direção deste sindicato.
No referido comunicado, o SITEMA acusa a atual a administração da TAP de estar “a desperdiçar mais de 980 mil euros investidos só na sua formação teórica base, além do tempo e dinheiro já investido na sua formação prática, que agora se estava a iniciar e que era preciso manter por forma a atingir a sua maturidade profissional”.
“Lembramos que um técnico de manutenção de aeronaves demora em média cerca de dez anos até ficar completamente autónomo nas suas funções, são anos de aprendizagem técnica e de consolidação de uma cultura aeronáutica pelos quais é fundamental passar para assegurar o nível de competência e segurança que a TAP prevê”, assinala a direção do SITEMA, acrescentando que “esta atitude é completamente repreensível, pois descartar trabalhadores após tanto investimento inicial e que agora estavam numa fase de crescimento técnico e consolidação de conhecimento não deveria, em momento algum, ser parte da solução para os problemas actuais da empresa, aliás, só trará mais desafios e gastos acrescidos devido à falta destes recursos humanos”.
Segundo os responsáveis do SITEMA, “a dispensa destes nossos colegas não só não soluciona, como vem acentuar um problema grave já existente: a falta de mão-de-obra na nossa classe profissional devido à elevada saída destes profissionais para outras companhias aéreas”.
Em 2001, a TAP tinha cerca de 36 aeronaves e contava com 1.450 técnicos de manutenção de aeronaves (TMA), revela o SITEME, adiantando que, “em 2020 para 86 aviões, mantendo o rácio de TMA/avião, a TAP deveria ter 3.505 TMA”, mas denunciando que, “neste momento, tem menos de 900 TMA”.
De acordo com um estudo comparativo do SITEMA, entre as companhias aéreas Alaska, Horizon, Air France, KLM, Turkish Airlines, Swiss Air, SWA e a própria TAP, a média de técnicos de manutenção de aeronaves por avião na frota em serviço oscila entre 5,6 (Alaska) e 1,44 (na companhia aérea de bandeira portuguesa), fazendo da TAP a que tem pior rácio neste indicador no universo abrangido.
“Ou seja, menos 2.605 técnicos de manutenção de aeronaves face ao número de aeronaves actuais!!!”, acusa o SITEMA.
De acordo com os responsáveis deste sindicato, “a TAP está a tentar fazer mais com menos, numa política que sobejamente já conhecemos e que todos nós vivemos e sentimos os seus nefastos resultados no dia-a-dia, com aumento do ‘stress’ para níveis pouco recomendáveis na nossa profissão, o aumento de não conformidades e anomalias, com a forçosa diminuição da qualidade do trabalho, desgaste físico e psicológico, frustração, aumento da ansiedade, degradação das relações interpessoais, atrasos na operação das aeronaves, etc”.
“Não trabalhamos numa qualquer linha de montagem, trabalhamos numa área muito importante para a TAP e para a segurança da sua operação, que é a manutenção de aviões, motores e componentes. A falta de recursos humanos nesta área pode ser catastrófica e vem juntar-se à falta de outros meios, colocando em causa a própria segurança da operação e, por conseguinte, dos nossos clientes”, alerta o SITEMA.
A direção deste sindicato acrescenta que, “para além disto, devido à falta de meios humanos, a TAP tem atrasado entregas de aviões em manutenção, recusado clientes externos e o cenário só não é mais grave porque a frota TAP está neste momento a operar a 30/40%”.
“A TAP não pode dispensar mais técnicos de manutenção de aeronaves sob pena de comprometer a sua operação e o seu futuro. Não existem no mercado estes profissionais e a sua formação é dispendiosa e demorada; nos próximos anos, prevê-se uma necessidade a nível mundial de mais de 360 mil novos profissionais neste ramo, segundo dados da Airbus e da Boeing, principais fabricantes de aviões civis. Todo o investimento e aposta nestes profissionais deverá ser preservado para que não haja mais desperdício de recursos, que são escassos, e para assegurar a viabilidade e sucesso da TAP, que não pode funcionar sem estes profissionais que asseguram diariamente a
segurança da sua operação”, defende o SITEMA.
A direção deste sindicato garante que “continua a aguardar mais informações relativamente às implicações que o
plano de reestruturação irá ter na vida dos nossos sócios, para tal contamos ser chamados para nova reunião já que na reunião da passada sexta-feira [dia 13 de novembro] nada foi dito quanto a esta importante matéria”.
“O SITEMA reitera a disponibilidade para trabalhar no sentido de uma verdadeira reestruturação que dote a empresa de condições para a sua afirmação no mercado global do transporte aéreo. A economia, os portugueses e Portugal precisam de uma TAP forte e eficaz”, conclui o sindicato deste sindicato.
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