Na manhã de hoje, 7 de abril foi inaugurado o Centro Interpretativo “Os Murais de Almada nas Gares Marítimas” – especificamente, as gares de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos, edifícios projetados pelo arquiteto Porfírio Pardal Monteiro, inaugurados nos anos 40 do século XX. A data escolhida para a ocasião nada teve de casual, foi escolhida para coincidir com a data do nascimento de Almada Negreiros, em S. Tomé e Príncipe, no ano de 1893.
Objetivo? Dar a conhecer a história das Gares Marítimas e a vida e obra de Almada Negreiros, a partir daquele que é o maior e mais relevante conjunto de pintura mural do século XX, em Portugal. E antes de detalhar o projeto, deixamos a síntese que Jorge de Sena fez deste artista multifacetado:
“Pela sua obra plástica, que o classifica entre os primeiros valores da pintura moderna; pela sua obra literária, que vibra de uma igual e poderosa originalidade; pela sua ação pessoal através de artigos e conferências – Almada-Negreiros, pintor, desenhador, vitralista, poeta, romancista, ensaísta, crítico de arte, conferencista, dramaturgo, foi, pode dizer-se que desde 1910, uma das mais notáveis figuras da cultura portuguesa e uma das que mais decisivamente contribuíram para a criação, prestígio e triunfo de uma mentalidade moderna entre nós”.
O Centro Interpretativo localiza-se no piso 0 da Gare Marítima de Alcântara e distribui-se por nove salas onde os visitantes podem embarcar numa viagem pela história do Porto de Lisboa, a importância da construção das Gares Marítimas e o processo criativo de Almada Negreiros na conceção dos murais, na década de 1940.
Nas salas “Cais”, “Passagens”, “Partidas” e “Chegadas” é apresentada a história da construção das Gares de Alcântara e da Rocha do Conde de Óbidos, a par de episódios históricos que deixaram marcas indeléveis na história dos edifícios, como a II Guerra Mundial, a emigração, a Guerra Colonia, a descolonização e regresso dos portugueses das ex-colónias.
As salas intituladas “O que contam as paredes”, “História mural” e “Diz que disse” têm como foco tanto o processo criativo dos murais como as entrevistas e depoimentos de Almada durante e após a sua conclusão. Por último, as salas “Almada em Lisboa” e “Almada Negreiros, artista” mostram alguns dos principais momentos da vida e da obra do artista bem como locais em Lisboa onde as suas obras podem ser encontradas.
O projeto, promovido pela Associação Turismo de Lisboa, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e a Administração do Porto de Lisboa, conta também com a colaboração das netas do artista, Rita Almada Negreiros e Catarina Almada Negreiros, do Centro de Estudos e Documentação Almada Negreiros – Sarah Affonso (NOVA FCSH), do Instituto de História da Arte da NOVA FCSH, do Laboratório HERCULES, da Fundação Calouste Gulbenkian, entre outras entidades.
Situado no ‘eixo Alcântara-Belém’, o Centro Interpretativo pode ser visitado todos os dias, entre as 10h00 e as 19h00. O bilhete custa cinco euros e, refira-se, a título de curiosidade, que o transporte entre as duas gares é gratuito e será assegurado por um veículo propositadamente construído, tendo por base o projeto original do carrinho de bagagens, desenhado pelo ateliê do arquiteto Porfírio Pardal Monteiro.
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