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Já tenho 48 anos. É tarde para mudar de emprego?

É inevitável a mudança dos profissionais que quiserem continuar a estar ativos, afirma Lourdes Monteiro, co-autora de Quero, Posso e Mudo de Carreira, ao Jornal Económico. Recomendação: não coloquem idade nem fotografia no currículo, na hora de se candidatarem a um novo emprego.
16 Outubro 2018, 07h35

Lourdes Monteiro, formadora e facilitadora em processos de gestão de mudança, coach em liderança de equipas, assina, em co-autoria com Alexandra Quadros, “Quero, Posso e Mudo de Carreira”. O livro, dado à estampa pela Oficina do Livro do grupo Leya, conta histórias de pessoas que mudaram algo na sua vidas profissional e que hoje se sentem mais satisfeitas e visa ajudar os outros na tomada de decisão.

Já tenho 48 anos. É tarde para mudar de emprego? – perguntámos a Lourdes Monteiro. A resposta surge em forma de conselho.

– Essa é uma afirmação que ouço muitas vezes das pessoas que apoio, e também dos colaboradores nas empresas que têm essa idade. Muitos partem da convição de que é tarde para mudar vários aspetos da sua vida, entre eles de emprego. Acomodam-se por isso a situações que são pouco estimulantes e satisfatórias na premissa de que não podem esperar nada melhor do que ‘isto’. Esta convição reflete o paradigma do século XX, no qual as pessoas dessa geração cresciam a acreditar que depois de se estudar deveriam encontrar um trabalho para a vida e que aos 40 anos estariam no ‘top’ das suas carreiras. A partir daí teriam apenas de garantir o seu trabalho até à idade da reforma. Hoje em dia, são cada vez mais raros os contextos no qual este paradigma vigora. A evolução organizacional reduziu drasticamente os níveis hierárquicos, bem como as oportunidades de se ascender dentro das empresas.

Muito mudou…

Justamente. Perante esta evolução, as hipóteses de mudança mais frequentes numa mesma organização passam por movimentos horizontais ou mudanças de área. Esta é uma das práticas que assegura o desenvolvimento de novas competências e a retenção e motivação dos profissionais. Caso estas oportunidades não surjam e os profissionais tenham aspiração em se continuar a desenvolver, a mudança de emprego pode mesmo ser inevitável.

Contudo, não resisto a acrescentar um outro aspecto de máxima relevância e do qual não se fala assim tanto. Verifica-se um aumento da esperança média de vida e a par disso têm sido realizadas alterações legais que prolongam o tempo de vida activa ou se preferir adiam a idade da reforma como estratégia de prevenção da pobreza na “velhice”. Se considerarmos a atual idade da reforma os 67 anos estamos a falar de mais 19 anos de trabalho para um profissional de 48 anos. Por isso, é inevitável a mudança dos profissionais que quiserem continuar a estar ativos. Falo da mudança ao nível das competências, da abertura a novas aprendizagens e a possibilidades de movimentos de carreira consideradas até hoje, dentro ou fora da atual organização.

Mas e a idade?

Claro que existe aqui a preocupação, por parte desses profissionais, em serem excluídos pelos recrutadores por causa do fator idade. Isso ainda acontece. Existe realmente esse tipo de preconceito. Mas já há entidades que começam a dar o exemplo e se focam no real valor que o profissional tem para oferecer. A Alexandra Quadros refere precisamente uma dessas entidades no livro. Defendo que também aqui cada um de nós deve influenciar e desconstruir esse preconceito.Uma recomendação: não coloquem idade nem fotografia no currículo, na hora de se candidatarem a um novo emprego.

 

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